Contrabando de defensivos agrícolas envolve redes criminosas estruturadas

Foto: Pixnio

Seja lá qual nome se use, defensivo agrícola, agroquímico ou pesticida, o fato é que o contrabando deste tipo de produtos traz vários problemas, entre eles a evasão de divisas e o risco de acidente no transporte, estocagem e uso. Sem contar que não há garantia alguma de que estejam dentro de especificações corretas.

Pois é exatamente o mercado ilegal de defensivos agrícolas (fiquemos com este nome) que será tema do V Seminário Fronteiras do Brasil, nos dias 24 e 25 de setembro, em Foz do Iguaçu.

A realização é do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf), com patrocínio da Itaipu Binacional.

Segundo matéria distribuída pelo Idesf, além dos problemas já citados, o mercado ilegal de defensivos agrícolas “alimenta a criminalidade organizada nas fronteiras brasileiras”.

Além disso, quando esses produtos são apreendidos, provocam um ônus extra para os órgãos de segurança e de vigilância sanitária, que precisam dar uma destinação adequada, o que envolve logística e condições especiais para incineração.

Redes criminosas

“O mercado ilegal de insumos agropecuários começou com a atuação dos próprios agricultores, que iam buscar os produtos. Mas hoje reflete a ação de organizações criminosas, redes estruturadas formadas por agentes dos dois lados da fronteira”, afirma o delegado da Polícia Federal no Rio Grande do Sul, Alessandro Lopes Maciel.

O delegado será um dos participantes do painel ‘O impacto do mercado ilegal no agronegócio’, inserido na programação do evento.

Com base na sua atuação na fronteira gaúcha com o Uruguai, o delegado destaca que, entre os impactos no âmbito da segurança causados por este ilícito, está a dificuldade gerada ao Estado para dar fim aos produtos apreendidos.

“São produtos químicos agressivos ao meio ambiente e sem o necessário registro dos órgãos sanitários, por isso exigem cuidados na logística de transporte e de estocagem e condições especiais para incineração. Esse material não pode ser eliminado no local da apreensão, o que implica em custos extras a serem suportados pelo Estado”, afirma Maciel.

Diferença no preço

Conforme o delegado, entre os fatores que favorecem o mercado ilegal está a expressiva diferença de valores desses insumos nos dois lados da fronteira. “As falsificações custam no Paraguai 10% do valor do produto original no Brasil. Sempre que houver descompasso no valor comercial de um país para outro, vai haver mercado negro”, avalia.

O painel sobre o contrabando de agroquímicos também terá participação do superintendente da Polícia Federal no Mato Grosso do Sul, Luciano Flores de Lima, do delegado da Polícia Federal de Cascavel, Marco Berzoini Smith, e do diretor do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), Daniel Miranda.

O V Seminário Fronteiras do Brasil vai reunir especialistas e formadores de opinião em torno das questões mais emergentes relacionadas às fronteiras brasileiras. Na programação deste ano o Instituto incluiu uma homenagem ao padre Maurício Camatti, que morreu em julho passado, por sua atuação no combate aos problemas de vulnerabilidade social na região.

“O objetivo do seminário é chamar atenção do poder público e da sociedade para a realidade das regiões fronteiriças, a qual impacta sobre toda a sociedade brasileira”, avalia o presidente do Idesf, Luciano Stremel Barros.

Inscrições

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas clicando aqui.

O Idesf pede aos participantes que levem um quilo de alimento não perecível, que será distribuído a instituições de caridade de Foz do Iguaçu.

O Idesf é uma instituição sem fins lucrativos, com sede em Foz do Iguaçu, que, por meio de estudos, ações e projetos, promove a integração entre as regiões de fronteira, o fortalecimento das relações políticas, sociais e econômicas e o combate aos problemas próprios destas regiões.

Serviço:

V Seminário Fronteiras do Brasil
Data e horário: 24 (18h às 21h30) e 25 (9h às 12h30) de outubro de 2018
Local: Auditório da Polícia Federal / Av. Paraná, 3471 – Jardim Polo Centro, Foz do Iguaçu.

Sair da versão mobile