Veja um balanço da operação contra lavagem de dinheiro em Ciudad del Este

Apreensão de dólares e documentos na casa de câmbio. Foto: Vanguardia

Depois de todo o noticiário sobre Dario Messer, o “doleiro dos doleiros” com amigos poderosos no Paraguai, e da informação divulgada mundialmente de que o grupo Hezbollah lava dinheiro aqui na fronteira, as autoridades paraguaias decidiram agir.

Ou, pelo menos, deram sinais disso, ontem, em Ciudad del Este. Uma operação, com pessoal vindo de Assunção, desmantelou uma rede de lavagem de dinheiro proveniente do narcotráfico e, também, de grupos radicais do exterior, como admitiu um fiscal ao jornal Vanguardia.

As buscas numa casa de câmbio, num depósito e em residências resultou na apreensão do equivalente a US$ 1,3 milhão de dólares e vários bens, além da detenção de duas pessoas – o comerciante libanês Farhat Nader Mohamad e sua mulher, Wu Pei Yu, taiwanesa naturalizada brasileira.

Segundo o fiscal Marcelo Pecci, a ação foi resultado de uma investigação que já durava dois anos. “Tínhamos informações prévias sobre esta estrutura e sobre pessoas com processos iniciados nos Estados Unidos”, disse.

As buscas e apreensões começaram logo cedo, inicialmente na casa de câmbio Unique S.A., localizada no edifício Jebai Center. Ali foram apreendidos os dólares, documentos e materiais de informática.

Simultaneamente, houve buscas num depósito e numa casa onde morava o comerciante Farhat Nader Mohamad. Mais apreensões: uma moto, uma arma sem documentação, com carregador e cartuchos, equipamentos de informática, celulares e documentos. E dinheiro: 7.126.000 guaranis, 559 dólares e 1.997 reais.

Houve buscas também em outra casa, onde morou o contrabandista Walid Amine Sweid durante 15 anos, mas que está em nome de familiares da esposa dele. Amine negou vínculos com a lavagem de dinheiro.

O fiscal Pecci disse que a rede de lavagem de dinheiro “é realmente grande”. A suspeita é que a casa de câmbio seja usada para legalizar capitais provenientes do crime organizada e do narcotráfico internacional, em grande escala.

Ele não negou nem confirmou a atuação em favor de redes terroristas. “Ao falar de crime organizado, obviamente está envolvido o tráfico de armas e drogas, mas sabemos muito bem da presença de grupos radicais que nutrem suas atividades deste ilícito”, disse.

As buscas feitas em Ciudad de Este foram feitas por agentes de Assunção exatamente para evitar que a informação pudesse chegar de alguma forma aos investigados.

“Esta gente é tão poderosa que um simples ofício que chega em mãos de pessoas inadequadas pode fazer cair uma investigação de anos”, disse Pecci.

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