Sobrou para a mãe!
*Por Carlos Roberto Oliveira
Taciturno, e com cara de poucos amigos, pôs-se a caminhar, a esmo, como que a fugir de algo.
Na realidade, sua intenção era de se isolar com a prerrogativa de não abrir mão de sua própria companhia que, naquelas circunstâncias, era a única que estava disposto a aceitar.
Pelo trajeto de sua caminhada, àqueles que o cumprimentavam, em resposta acenava com a mão como que a dizer, tá bom, já o cumprimentei, vê se me esquece agora, e voltando-se para si mesmo murmurava, hipócrita.
Para aquele seu estado de espírito pressupunha-se que alguma coisa ligada ao aspecto psicológico o estava afetando, já que, claramente, dava mostras de um descontentamento com a vida que muitos consideravam como crise existencial, e que, no seu conceito, era uma frescura.
Porém, como estava em um processo de harmonização consigo mesmo, reagiu àquela conotação dizendo o seguinte, tudo bem, se é isto que está acontecendo comigo, a solução do problema passa somente por mim e eu o resolverei à minha maneira.
E na primeira oportunidade que teve para aplicar sua terapia, não se fez de rogado quando, ao responder a uma interrogação de alguém em quem votaria, de pronto, e sem constrangimento, voltou-se ao seu interlocutor e disse-lhe: sua mãe é candidata?
*Carlos Roberto de Oliveira é empresário do ramo de logística em Foz do Iguaçu