Resgatando alegria
*Carlos Roberto de Oliveira
Que não perguntassem a razão, pois não saberia como explicar e tampouco estava preocupado em fazê-lo, mas seu conceito sobre a alegria havia mudado, a partir do momento em que, no seu entender, banalizaram o humor, tornando-o dispensável.
A sensação que tinha era a de que poucos estavam interessados na leveza do riso e mais na rudeza da agressividade.
Aquela percepção um tanto quanto amarga o levou, porém, a retratar-se e a refletir, antes de qualquer julgamento.
E, contrariando sua prepotência em não dar explicações, chegou à conclusão que a presunção de que o humor acabara era mais devido ao seu egoísmo exacerbado em não aceitar que nem tudo é como se quer que o seja.
Recompondo-se emocionalmente, deixou-se levar pelo imaginário e se viu, de repente, envolvido em uma viagem cujo destino era o passado enquanto criança.
E, ao chegar nesse, mesmo sem ninguém conhecer, viu-se envolvido em um ambiente cujos personagens eram, todos, ativistas … só que da arte de criar a alegria, pois circenses.
E diante de trapezistas, malabaristas, mágicos, domadores de leões e, emblematicamente, daquele que representava a alma do espetáculo, o palhaço, iniciava-se o ritual da alegria com o sonoro “respeitável público” …
Sem entender bem o porquê, ao abrir os olhos, e sem constrangimento, estava chorando, mas de alegria conjugada com a saudade dos tempos em que, criança ainda, se valorizava a alegria como sentimento indispensável para uma vida adulta melhor sem se questionar por que a gente cresce…
*Carlos Roberto de Oliveira é empresário do ramo de logística em Foz do Iguaçu