Pensamentos e mais Pensamentos
*Por Carlos Galetti
Em sendo o último texto do ano, teria mil coisas para escrever, vários assuntos para abordar, mas perduro na ideia de ser natural, não forçar a criatividade. Tive a ousadia de partilhar alguns pensamentos que incentivem outros pensamentos de vocês.
Pensei na criança que ainda em tão tenra idade, trata com desafeto sua mãe, ou mesmo uma pessoa mais velha, não seria preciso de alguém para lhe mostrar os limites?
Ou logo iremos vê-la numa outra cena, onde destrata uma pessoa mais velha, sem a mínima compaixão.
Noutro dia, estava na casa de um amigo, quando chegou sua esposa trazendo seu filho de cinco anos. Chamou atenção do meu amigo um brinquedo na mão de seu filho, perguntando para a mulher que brinquedo era aquele.
Ao que sua mulher respondeu que o garoto tinha pegado emprestado do seu amiguinho.
Meu amigo chamou seu filho e perguntou: que ideia era aquela de pegar o brinquedo do amigo?
E obteve como resposta que iria devolver quando voltasse à casa do amigo.
Seu pai retrucou: noutro dia, notei que você não gosta de emprestar seus brinquedos, não é verdade? O menino baixou a cabeça e disse que não gostava. Então, disse o pai: amanhã sua mãe vai levá-lo lá para devolver, tudo bem? Sim, papai! – respondeu o filho.
Sei que alguns criticarão a atitude do pai, ou ao menos discordarão, dizendo que fariam diferente. Talvez, se ensinássemos a nossos filhos mais sobre honestidade e espaço, onde começa o nosso dever e termina o nosso direito, certamente teríamos pessoas, digamos, mais confiáveis.
Neste momento, começo a pensar em grandes vultos, personalidades que se destacaram na sociedade mundial como pessoas de comportamento ilibado, exemplos de meritória exaltação.
Madre Tereza de Calcutá ou Marthin Luther King ou Papa João Paulo II; talvez alguns digam, mas existiram outras madres, outros papas e outros políticos. Mas esses destacaram-se dentre os destacáveis.
Estou falando de alguns exemplos, claro que existiram outros. Como teria sido a vida desses citados, teriam sido crianças de um bom lar, uma boa formação? Teriam pais que lhes passaram bons exemplos?
Seria verdadeira a afirmativa de que o meio forma o cidadão? O que diriam se dissesse que conheço General que nasceu na favela, ou bacana que viveu na Vieira Souto, em Ipanema, transformando-se no maior traficante do Rio de Janeiro.
Não sou pedagogo, falo na qualidade de pai e homem bem vivido, marcado pelo tempo; como fiz questão de esclarecer no início, não há a ideia de mudar condutas, modos de criação ou novos e revolucionários métodos educativos.
Lembro que já expus aqui que sou o somatório de um pai nem tão culto e uma mãe amorosa. Penso que esse equilíbrio trouxe uma boa bagagem para mim e minha irmã, nos formando uma personalidade de respeito e deferência com pessoas e situações.
Gosto muito de usar uma situação, onde o marido é chamado pela esposa para olhar a vidraça da nova vizinha, como está suja, empoeirada, que deveria limpar quando mudou há cerca de alguns dias. O marido olhou e ela nada comentou. Assim foram dias seguidos, com o mesmo comentário, sendo que ao fim o marido perguntou: por que você não vai lá e dá a dica para nova vizinha?
A mulher vai e, ao chegar, antes de chamar a vizinha, nota que a vidraça dela estava impecável. Voltando no mesmo passo e dizendo o que viu ao marido, este disparou, olhe agora a sua vidraça.
Temos que ter olhos para nossas coisas, principalmente, se essas coisas nos refletem diante dos nossos amigos, vizinhos, parentes.
Feliz 2023, que estejamos juntos de novo no próximo ano.
*Carlos A. M. Galetti é coronel da reserva do Exército, foi comandante do 34o Batalhão de Infantaria Motorizado. Atualmente, é empresário no ramo de segurança, sendo sócio proprietário do Grupo Iguasseg.
Vivendo em Foz já há mais de 20 anos, veio do Rio de Janeiro, sua terra natal, no ano de 1999, para assumir o comando do batalhão.