Longe de qualquer apologia a um sentimentalismo barato, intrigava-o fato de não entender, sem qualquer conotação vitimadora, como suas expectativas de um mundo ideal transformar-se-ia em frustrações.
Como assim, pensou, que expectativas eram essas de um mundo ideal, sendo esse uma utopia?
Se deu conta, então, que suas convicções sempre tiveram na utopia o sentido maior para viabilizar suas buscas de um mundo melhor, embora uma sensação de distopia.
Todavia, embora não desistisse dessa sua determinação, não vislumbrava uma forma de reverter, a curto prazo, uma realidade marcada por um revanchismo agressivo e pior, camuflado de fraternidade com predominância à intolerância.
Um tanto confuso, deixou-se radicalizar-se e voluntariamente se isolou de tudo que aparentemente lhe era indispensável e, então, com as madrugadas se aquietou, optando por seu silêncio, das longas resenhas com os amigos se afastou, e dessas situações, surpreendentemente, se acostumou.
Do resultado desse seu comportamento, sobrou-lhe o questionamento de sua incoerência quanto ao que defendia, a utopia, agravado pelo que considerou um comportamento egoísta e que, realmente, muito o incomodava.
Esse desconforto mostrou-lhe o óbvio, pois sendo a utopia sua bandeira, retratou-se e às madrugadas vividas manifestou o agradecimento pela convivência em cuja valia maior os silenciosos ensinamentos foram a tônica; já aos amigos, que não são muitos, a certeza da compreensão da ausência pela condição de amigos.
Carlos Roberto de Oliveira é empresário do ramo de logística em Foz do Iguaçu