Por Cris Loose, especial para o Não Viu?
Mais uma campanha eleitoral na conta e, apesar das transformações pelas quais o mundo passou e vem passando, algumas coisas seguem o velho formato. Me toquei disso depois de ouvir um colega fazendo uma pequena comparação entre o começo de um namoro e uma campanha eleitoral.
Joguei esses dois ingredientes no liquidificador, com algumas pitadas de Inteligência Artificial e o resultado ficou divertido e pode ser útil para ilustrar como algumas atitudes são inadequadas em ambas as situações. Entre as principais:
- Falar mal dos outros
No namoro: Falar mal do ex-namorado da pessoa pretendida ou dos outros possíveis pretendentes que ela tenha, é perda de tempo, pra não falar outra coisa. O inteligente seria você vender o próprio peixe e mostrar que é o melhor em vários aspectos, sem desmerecer ninguém e sem se comparar. Só mostre o que você é e pronto.
Na campanha eleitoral: Falar mal e atacar outros candidatos, remexendo em coisas que já são passado e que não têm volta. Pense no que você poderá e vai oferecer depois de eleito. Fale de suas propostas e mostre ou tente convencer o eleitorado de que você é a melhor opção. Faça isso com classe e com inteligência.
- Prometer o que não pode cumprir
No namoro: Fazer promessas exageradas ou que você sabe que não conseguirá cumprir, como dizer que vai mudar completamente a própria personalidade ou hábitos, só para agradar a outra pessoa.
Na campanha eleitoral: Prometer coisas que estão fora do seu alcance ou que não são realistas. Não apresente projetos mirabolantes. Muitas vezes o que os cidadãos querem é simples. Basta saber e querer ouvir.
- Fingir ser outra pessoa
No namoro: Fingir ser quem você não é para impressionar o parceiro pode funcionar a curto prazo, mas a verdade sempre aparece e isso pode acabar com a confiança.
Na campanha eleitoral: Construir uma imagem que não condiz com os próprios valores pessoais pode causar descrédito entre os eleitores já que cedo ou tarde as contradições se tornam evidentes.
- Foco excessivo na aparência
No namoro: Colocar toda a ênfase na aparência física e ignorar a compatibilidade emocional ou intelectual. Muitas vezes o excesso de “maquiagem” pode levar a um relacionamento superficial e insustentável.
Na campanha eleitoral: Uma campanha que só investe em marketing visual e se esquece de apresentar propostas reais e concretas, focadas nas necessidades da população, também pode ser vista como vazia. No futebol, bola na rede é gol e conta ponto. Logo, não precisa enfeitar a jogada.
- Pressionar ou ser invasivo
No namoro: Ser muito insistente ou pressionar o parceiro em qualquer situação pode sufocar a relação e criar desconforto.
Na campanha eleitoral: Forçar demais o contato com os eleitores, sendo excessivamente invasivo ou agressivo na comunicação, pode afastar e criar antipatia. Respeite o espaço do eleitorado.
- Não ouvir o outro
No namoro: Não prestar atenção às necessidades, desejos ou preocupações do parceiro pode gerar ruídos na conexão e prejudicar o relacionamento.
Na campanha eleitoral: Ignorar o que o eleitorado realmente precisa ou deseja, focando apenas nas próprias ideias, pode fazer com que você não consiga captar a essência do que o público quer.
- Falta de transparência
No namoro: Esconder informações importantes ou ser desonesto sobre sentimentos ou expectativas, pode causar problemas.
Na campanha eleitoral: Não ser claro sobre suas intenções, planos ou histórico pode minar a confiança dos eleitores e prejudicar sua credibilidade e todo o trabalho realizado.
- Manipular emoções
No namoro: Usar chantagem emocional ou manipulação para controlar o parceiro pode causar danos profundos à confiança e à autoestima.
Na campanha eleitoral: Apelar para o medo, assédio, ódio ou mentiras para manipular eleitores pode até trazer ganhos a curto prazo, mas os resultados costumam ser desastrosos ao longo do tempo.
- Usar o poder financeiro
No namoro: Usar presentes caros, jantares luxuosos ou promessas materiais como forma de conquistar ou “segurar” a pessoa pode criar uma relação baseada na superficialidade. O afeto não pode ser comprado e uma relação construída com base no dinheiro tende a ser frágil. Pode até ser que renda alguns ou vários momentos legais e instagramáveis, mas…
Na campanha eleitoral: Tentar “comprar” o eleitorado com promessas de vantagens financeiras imediatas, brindes, cargos, trocas de favores ou até com corrupção direta (como compra de votos, pagamento de gasolina e transporte gratuito) é antiético e ilegal, mas infelizmente ainda acontece. Isso compromete a legitimidade da candidatura e a confiança no processo democrático.
Resumo da ópera
Finalmente, em ambos os casos, vale mais a autenticidade, o respeito e a transparência, mesmo que isso seja considerado fora de moda ultimamente. Seja em um relacionamento ou em uma campanha eleitoral, é essencial construir confiança e alinhar expectativas de maneira saudável e realista.
Além disso, no caso de uma eleição municipal, como a de agora, o prefeito é eleito para gerenciar uma máquina mantida com um dinheiro que não é dele. É nosso.