A angústia de um amigo

Enlevado pelos encantos de Matilde, fugiu-lhe a percepção de que, além de mulher, tinha lá Matilde sua preferência ideológica

Ilustração: Pixabay

A angústia de um amigo

*Por Carlos Roberto de Oliveira

Têmpera forte e convicções definidas caracterizavam o perfil de sua personalidade, servindo-lhe como amparo na busca do equilíbrio para enfrentar os desafios que a vida exige.

Bem resolvido econômica e financeiramente, nada tinha a reclamar das benesses de uma vida confortável, porém sem ostentação.
Amadurecido e bem emocionalmente, sabia como lidar com os aspectos lúdicos do processo existencial, sem medo de ser feliz.

E foi então que nesta ciranda apareceu Matilde, mulher esclarecida, professora, que no pleno viço da geração dos quarenta anos, logo o induziu a um relacionamento mais comprometido.

Enlevado pelos encantos de Matilde, fugiu-lhe a percepção de que, além de mulher, tinha lá Matilde sua preferência ideológica que, por sua vez, era totalmente contrária à dele.

E a gota d’água do conflito “ideológico” se deu quando, em um ambiente acolhedor e convidativo, e após longas preliminares, já preparado para o ato final do amor melhor, eis que ao levantar a cabeça vê, com os olhos estalados, a figura de Che Guevara a observá-lo atentamente, como que a querer dizer: cuidate, cabron!

O clima congelou.

E, de repente, ouve-se a voz de Matilde, carente, dizendo: qué pasa hombre?

*Carlos Roberto de Oliveira é empresário em Foz do Iguaçu do ramo de logística.

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