A campanha eleitoral e os escorregões típicos dos “pretendentes”

Vale mais a autenticidade, o respeito e a transparência, mesmo que isso seja considerado fora de moda ultimamente.

Urna eletrônica. Foto: Antonio Augusto/Ascom/TSE

Por Cris Loose, especial para o Não Viu?

Mais uma campanha eleitoral na conta e, apesar das transformações pelas quais o mundo passou e vem passando, algumas coisas seguem o velho formato. Me toquei disso depois de ouvir um colega fazendo uma pequena comparação entre o começo de um namoro e uma campanha eleitoral.

Joguei esses dois ingredientes no liquidificador, com algumas pitadas de Inteligência Artificial e o resultado ficou divertido e pode ser útil para ilustrar como algumas atitudes são inadequadas em ambas as situações. Entre as principais:

  1. Falar mal dos outros

No namoro: Falar mal do ex-namorado da pessoa pretendida ou dos outros possíveis pretendentes que ela tenha, é perda de tempo, pra não falar outra coisa. O inteligente seria você vender o próprio peixe e mostrar que é o melhor em vários aspectos, sem desmerecer ninguém e sem se comparar. Só mostre o que você é e pronto.

Na campanha eleitoral: Falar mal e atacar outros candidatos, remexendo em coisas que já são passado e que não têm volta. Pense no que você poderá e vai oferecer depois de eleito. Fale de suas propostas e mostre ou tente convencer o eleitorado de que você é a melhor opção. Faça isso com classe e com inteligência.

  1. Prometer o que não pode cumprir

No namoro: Fazer promessas exageradas ou que você sabe que não conseguirá cumprir, como dizer que vai mudar completamente a própria personalidade ou hábitos, só para agradar a outra pessoa.

Na campanha eleitoral: Prometer coisas que estão fora do seu alcance ou que não são realistas. Não apresente projetos mirabolantes. Muitas vezes o que os cidadãos querem é simples. Basta saber e querer ouvir.

  1. Fingir ser outra pessoa

No namoro: Fingir ser quem você não é para impressionar o parceiro pode funcionar a curto prazo, mas a verdade sempre aparece e isso pode acabar com a confiança.

Na campanha eleitoral: Construir uma imagem que não condiz com os próprios valores pessoais pode causar descrédito entre os eleitores já que cedo ou tarde as contradições se tornam evidentes.

  1. Foco excessivo na aparência

No namoro: Colocar toda a ênfase na aparência física e ignorar a compatibilidade emocional ou intelectual. Muitas vezes o excesso de “maquiagem” pode levar a um relacionamento superficial e insustentável.

Na campanha eleitoral: Uma campanha que só investe em marketing visual e se esquece de apresentar propostas reais e concretas, focadas nas necessidades da população, também pode ser vista como vazia. No futebol, bola na rede é gol e conta ponto. Logo, não precisa enfeitar a jogada.

  1. Pressionar ou ser invasivo

No namoro: Ser muito insistente ou pressionar o parceiro em qualquer situação pode sufocar a relação e criar desconforto.

Na campanha eleitoral: Forçar demais o contato com os eleitores, sendo excessivamente invasivo ou agressivo na comunicação, pode afastar e criar antipatia. Respeite o espaço do eleitorado.

  1. Não ouvir o outro

No namoro: Não prestar atenção às necessidades, desejos ou preocupações do parceiro pode gerar ruídos na conexão e prejudicar o relacionamento.

Na campanha eleitoral: Ignorar o que o eleitorado realmente precisa ou deseja, focando apenas nas próprias ideias, pode fazer com que você não consiga captar a essência do que o público quer.

  1. Falta de transparência

No namoro: Esconder informações importantes ou ser desonesto sobre sentimentos ou expectativas, pode causar problemas.

Na campanha eleitoral: Não ser claro sobre suas intenções, planos ou histórico pode minar a confiança dos eleitores e prejudicar sua credibilidade e todo o trabalho realizado.

  1. Manipular emoções

No namoro: Usar chantagem emocional ou manipulação para controlar o parceiro pode causar danos profundos à confiança e à autoestima.

Na campanha eleitoral: Apelar para o medo, assédio, ódio ou mentiras para manipular eleitores pode até trazer ganhos a curto prazo, mas os resultados costumam ser desastrosos ao longo do tempo.

  1. Usar o poder financeiro

No namoro: Usar presentes caros, jantares luxuosos ou promessas materiais como forma de conquistar ou “segurar” a pessoa pode criar uma relação baseada na superficialidade. O afeto não pode ser comprado e uma relação construída com base no dinheiro tende a ser frágil. Pode até ser que renda alguns ou vários momentos legais e instagramáveis, mas…

Na campanha eleitoral: Tentar “comprar” o eleitorado com promessas de vantagens financeiras imediatas, brindes, cargos, trocas de favores ou até com corrupção direta (como compra de votos, pagamento de gasolina e transporte gratuito) é antiético e ilegal, mas infelizmente ainda acontece. Isso compromete a legitimidade da candidatura e a confiança no processo democrático.

Resumo da ópera

Finalmente, em ambos os casos, vale mais a autenticidade, o respeito e a transparência, mesmo que isso seja considerado fora de moda ultimamente. Seja em um relacionamento ou em uma campanha eleitoral, é essencial construir confiança e alinhar expectativas de maneira saudável e realista.

Além disso, no caso de uma eleição municipal, como a de agora, o prefeito é eleito para gerenciar uma máquina mantida com um dinheiro que não é dele. É nosso.

 

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