A Feirinha da JK

Agradavelmente provinciana, porém receptiva a cosmopolitas, continua com a mesma proposta de sempre

Feirinha da JK. Foto: PMFI/Divulgação

A Feirinha da JK

*Por Carlos Roberto de Oliveira

No mesmo clima de todos os tempos, só mais arejada, pois ocupando um espaço bem mais amplo e com uma melhor distribuição das barracas, a Feirinha da JK é um convite à fuga da rotina.

Agradavelmente provinciana, porém receptiva a cosmopolitas, continua com a mesma proposta de sempre, que é a de mostrar uma gente digna, nas pessoas dos seus agentes agregadores, os feirantes, que, ao expor seus produtos, o fazem dialogando com os frequentadores, contribuindo, assim, para a transmissão da história de uma terra que muito tem a oferecer, além daquelas que a natureza já a beneficiou, em conjunto com aquelas que o homem provocou.

E do universo plural de pessoas que se harmonizam em um convívio que tem na espontaneidade a manifestação mais abrangente, os indispensáveis caldo de cana, ou um suco de laranja, acompanhado do pastel ou mesmo a tapioca, sem falar do Yakisoba e a pamonha, são o salvo conduto para um papo que se estende e que, às vezes, pode terminar em um Sebo de livros.

E como não poderia ser diferente, as figuras emblemáticas dos tipos populares que se apresentam e enriquecem um convívio onde não faltam emoções.

E dentre esses, sentado em uma banqueta, um ilustre desconhecido chama a atenção por sua postura isolada, fazendo-se acompanhar de um violão e, literalmente, cantando só para si mesmo, já que seu tom intimista o torna inaudível.

Compenetrado no que fazia, demonstrava coerência com suas canções que, para aqueles poucos que conseguiam ouvi-las, trazia um sentimento de lamento de algo que se perdeu no tempo.

Poucos lhe davam atenção, e esta constatação era medida pelo ralo “cachê” depositado em uma caixinha de papelão aos seus pés.
Mas nem por isto ele parava de cantar… aos sussurros.

Carlos Roberto de Oliveira é empresário do ramos de logística em Foz do Iguaçu

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