A história da cidade do Rio de Janeiro
*Carlos Galetti
Conhecer a história do rio Carioca é conhecer a história da cidade do Rio de Janeiro, desde a sua fundação. As nascentes estão próximas ao Corcovado e às Paineiras, no Parque Nacional da Tijuca. O caminho natural do rio descia onde hoje conhecemos pelos nomes de morro de Santa Teresa, cruzava o bairro do Cosme Velho, Laranjeiras, Flamengo até desaguar na baía de Guanabara. Com vocês, a vida e a morte do Rio Carioca.
ANTES DE 1750
A história desse rio começa muito antes de 1500. Era ali, às margens do sagrado e sublime rio que estavam estabelecidas as aldeias do povo Tamoyo/Tupinambá. Eles tinham conhecimento geográfico de todo território, sabiam os caminhos da bacia hidrográfica e tinham suas trilhas que levavam para todos os cantos. O território era densamente florestado e eles habitavam a região próxima às águas doces e limpas até o entorno da baía da Guanabara.
Em 1 de março de 1565, depois de conquistarem o território, os portugueses fundaram a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, ali, aos pés do rio Carioca. Durante os próximos 150 anos, os portugueses literalmente se esbaldavam da água do rio Carioca, graças ao transporte feito em baldes e movidos pela força de braços escravizados.
1750 ATÉ 1900
Foram quase 100 anos entre planejamento e conclusão do Aqueduto Carioca, a mais importante obra arquitetônica do período Colonial. A inauguração dos Arcos da Lapa foi em 1723. Sua imponente estrutura com 42 arcos de 17,6m de altura por 270m tinha o objetivo de transportar água canalizada até o Campo de Santo Antônio (atual Largo da Carioca). O chafariz de mármore para distribuir água para a população só foi concluído em 1750.
O Rio de Janeiro ganhava importância estratégica, por ser porto para escoar o ouro das Minas Gerais. Foi nesse período que a capital do Brasil foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro. Durante os próximos anos, os vice-reis aumentaram o sistema de abastecimento, espalhando novos chafarizes e fontes na região, como na Glória, na Praça XV. Até o início do século XIX, este era o único aqueduto da cidade do Rio de Janeiro. Com a chegada da Família Real e da Corte em 1808, a demanda por água cresceu muito. Acontece que o Maciço da Tijuca já tinha sido todo desmatado por plantações de café e era urgente recuperá-lo para proteger os mananciais. Em 1861, D. Pedro II desapropria propriedades rurais que desmataram e declara as florestas da Tijuca e das Paineiras como protetoras, iniciando o processo de reflorestamento da Floresta Nacional da Tijuca.
A partir de 1896, o aqueduto passou a ser utilizado como trilho para os bondinhos de ferro, principal meio de acesso do centro ao morro de Santa Teresa.
HOJE EM DIA
As nascentes do rio Carioca ainda estão preservadas, no Parque Nacional da Floresta da Tijuca. Mas logo depois do parque, o rio atravessa diversas áreas ainda hoje sem saneamento, com muitos assentamentos irregulares até o Cosme Velho. Depois percorre submerso em galerias, escondendo sua poluição e morte dos cariocas na maior parte do curso. Já não deságua na Baía da Guanabara, correndo morto por um desvio numa galeria a céu aberto até a praia do Flamengo.
A próxima será sobre a nossa querida Foz do Iguaçu. Até breve!
*Carlos A. M. Galetti é coronel da reserva do Exército, foi comandante do 34o Batalhão de Infantaria Motorizado. Atualmente é empresário no ramo de segurança, sendo sócio proprietário do Grupo Iguasseg.
Vivendo em Foz já há mais de 20 anos, veio do Rio de Janeiro, sua terra natal, no ano de 1999, para assumir o comando do batalhão.