A maturidade pelo sentimento de perda
*Por Carlos Roberto de Oliveira
A empatia primeiro e a paixão depois foram os ingredientes de um relacionamento – como tantos outros – que tinha tudo para dar certo, não fossem as circunstâncias externas a se inserir negativamente.
Ambos jovens, ele mais amadurecido, próximo dos 29 anos, ela recém entrando em seus 18 anos, decidiram pela vida em comum, e tão envolvidos estavam em suas emoções que ignoravam tudo o que se passava ao seu redor.
Algum tempo passado naquele convívio cercado de magia, João Cesar, tendo uma atividade compatível, pois advogado, resolve colocar em prática um velho desejo, o de prestar concurso para o Ministério Público, e não só o faz como consegue ser aprovado.
Paralelamente, sua amada, Ana Paula, já não tão inexperiente, e participando de um círculo de amizade de um grupo não tão conservador e do qual, embora sem maiores exageros, influenciam-na em uma nova dinâmica de vida, em que o começo do fim foi inevitável, agravado pelo fato de que a nova realidade profissional de João Cesar, pelas exigências do cargo, exigia um comportamento mais comedido, contrastando com o ritmo de Ana Paula que, deslumbrada, não dimensionava as consequências de seu comportamento.
Resignado, e sem qualquer dramaticidade, lembrou-se João Cesar de um poema chinês, de Li Po, que diz:
“Entre as flores, copo à mão, bebo sozinho, os amigos estão longe.
Ergo um brinde à lua cheia e junto com ela e minha sombra, somos agora três solidões”.
Jamais imaginara a valia do aprendizado de se estar só
*Carlos Roberto de Oliveira é empresário do ramo de logística em Foz do Iguaçu