A volta do extraterrestre

Rodamos a noite toda, indo a inúmeros lugares, bares uns tantos.

Foto ilustrativa: Pixabay

A volta do extraterrestre

*Por Carlos Galetti

Estou tentando fazer uma ligação, mas não consigo. Meu celular está com uma espécie de interferência, parece até a telefonia de antigamente. Cheguei até a sentir um arrepio só de pensar; era ruim telefonar antigamente. Pior que uma assinatura de telefone era uma verdadeira fortuna, enquanto o serviço abaixo do sofrível.

Parece que alguém quer interferir na ligação, um chiado. O chiado foi diminuindo e entrando uma voz, que identificava, mas não lembrava de onde.

– Olá, terráqueo, aqui é o ET da nave enguiçada, você me levou para desenguiçar a nave no Epaminondas, que estava dormindo, onde você o acordou e ele veio com um cheiro estranho, que no meu planeta chamamos de “barrogue”, quer dizer, quando se consome muito diz-se que o sujeito está “embarrogado”.

-Claro que lembrava, fui logo perguntando: enguiçou de novo?

– Não, vim visitar um amigo próximo à sua galáxia, resolvendo lhe fazer uma visita.

– E onde você está?

– Ainda na sua órbita, mas em alguns minutos estarei pousando, vou encontra-lo no campo do ABC.

– Concordei, já animado com a possibilidade de uma reportagem.

– Liguei para o Epaminondas, convidando-o para um rolê com o nosso ilustre visitante. Não que o Epaminondas topasse logo, relutou, pois disse que para conversar com o ET, teria que estar um pouco “borracho”.

Concordei e disse que conseguiríamos fazer a cabeça no bar do ABC, pois hoje era dia de sinuca, poderíamos jogar uma sinuca e beber umas geladas antes de partir para a “night”.

O Epaminondas chegou junto comigo, se fosse combinado não dava tão certo. Fomos para o estádio e sentamos na arquibancada, aguardando a chegada, que não demorou muitos minutos, logo o ET, com aparência meio indefinida, conseguida certamente com sua configuração tecnológica.

Parecia uma mistura de nós dois, eu e o Epaminondas, cabelo de um, olhos de outro, porte de um, feição de outro, uma verdadeira salada. Notando nossas dúvidas, disse que não tinha muita referência, somente nós dois como modelo. Talvez naquela noite, motivado por isso, todos perguntavam se éramos irmãos, tendo até um bêbado que chegou a questionar se éramos gêmeos.

Rodamos a noite toda, indo a inúmeros lugares, bares uns tantos. O ET, que se identificou como Kardeg, começou a gostar das nossas bebidas, o único problema é que vai fundo e não fica doidão. Só ri de tudo e fica perdido na hora de conversar com as moças, terei que orientá-lo.

Escolhemos a saideira na Cristal, onde o ET parece ter encontrado uma parceira, saindo fora, não sem antes dizer que voltaria, mas pegou o número do meu telefone.

Eu segui pra casa e o Epaminondas falou que iria abrir a oficina, pois tinha um motor pra fazer. Esse carro vai virar uma nave espacial, ainda mais quando o Epaminondas der umas baforadas naquele escape.

Eu cheguei em casa pé ante pé, sentei na cama, quando a mulher perguntou se estaria chegando àquela hora, ao que respondi, que estaria levantando pra comprar o pão. Ela voltou a dormir e eu fui comprar pão. Por pouco…

Ih! A reportagem, terei que adiar mais uma vez.

*Carlos A. M. Galetti é coronel da reserva do Exército, foi comandante do 34o Batalhão de Infantaria Motorizado. Atualmente é empresário no ramo de segurança, sendo sócio proprietário do Grupo Iguasseg. 

Vivendo em Foz já há mais de 20 anos, veio do Rio de Janeiro, sua terra natal, no ano de 1999, para assumir o comando do batalhão.

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