Adequado uso da palavra
*Por Carlos Galetti
Texto retirado da Associação de Divulgação da Doutrina Espírita (ADDE)
Cabe como uma luva, concordam?
Afirma um provérbio popular que o homem é senhor das palavras não ditas, mas escravo das que profere. Isso porque, após pronunciadas, são como penas ao vento. Impossíveis de serem recolhidas.
Os homens públicos, não poucas vezes, têm se dado muito mal por falarem, de forma apressada, sem refletirem, expressando o que lhes vêm à mente, de rompante.
Por mais que, posteriormente, busquem ajustar, acertar, dificilmente são sanados os efeitos, na totalidade. Mesmo porque muitos dos que ouviram, inicialmente, poderão não ser alcançados pelas explicações dadas posteriormente.
No relacionamento entre patrões e empregados, a questão não se faz diferente.
Funcionários podem ser dispensados por terem utilizado mal o verbo, desrespeitando colegas ou superiores.
Ou por passarem informações inverídicas, comprometendo a imagem da empresa.
Por sua vez, patrões que não têm a devida sensibilidade, podem sofrer ações punitivas, quando agridem verbalmente aos seus empregados. Entre amigos, a questão se faz ainda mais delicada.
Confidências feitas nos momentos em que tudo vai bem são repassadas, sem critério, a muitos, quando o laço afetivo se rompe.
Aquele que desvelou o mundo íntimo fica corroído de tristeza e inseguro, ante a possibilidade de não serem honradas as reservas que o assunto requer.
O outro, por sua vez, seja por maldade ou por revanchismo, resolve tudo espalhar, denegrindo a imagem do que lhe era amigo até há pouco.
Nos dias atuais, com as facilidades das redes sociais, esse procedimento tem tomado maior vulto.
Sem refletir, pessoas informam a muitas outras, questões que deveriam ser confidenciais. Também inverdades, calúnias, maldades.
Pela rapidez, logo alguém é alvo de suspeitas, queixas e olhares críticos.
Assim se destroem reputações de indivíduos e de instituições.
Por vezes, totalmente infundadas, as notas alcançam o alvo, amolentando as forças do agredido, provocando-lhe distúrbios físicos e psíquicos.
Ou criando, no caso de instituições, entraves de variada ordem.
Por tudo isso, os que nós dizemos ser os seguidores de Jesus, necessitamos repensar nossa forma de agir.
Não utilizemos a palavra escrita ou falada para denegrir pessoas ou instituições.
Reflitamos antes, ponderando se o que nos move não é simplesmente o egoísmo, ou a inveja ou qualquer outra paixão menos feliz.
Nesse caso, refreemos o impulso. Se nosso intuito é de ajudar, o primeiro a ser procurado é o próprio interessado.
Se, alertado, ele não se deseja modificar, deixemo-lo. Assim também age a Divindade para conosco, não nos violentando a vontade.
Que bem nos fará divulgarmos o que de errado pratica alguém? A quem aproveitará?
Se nos move o intuito de preservar trabalhos, instituições, ainda aí guardemos reserva.
Busquemos os responsáveis, propondo mudanças, alterações, antes de destruir trabalhos de muitos anos.
Jesus ensinou que se alguém tiver algo contra seu irmão, deve ir ter com ele.
Pensemos nisso.
* * *
Evita alardear o mal ou ser mensageiro das trevas. O mundo já é suficientemente infeliz, com a maldade que vige.
Utiliza a tua palavra para estimular as criaturas ao bem.
Busca a virtude, oculta embora, como violeta pequena entre as folhas no jardim e demonstra-a.
Acredita: o mal somente distende tentáculos sempre mais ameaçadores sobre as criaturas, porque lhes fornecemos energias.
Sê tu aquele que projeta luz. Sê a tua palavra a da alegria, do bom ânimo, do fortalecimento moral.
*Carlos A. M. Galetti é coronel da reserva do Exército, foi comandante do 34o Batalhão de Infantaria Motorizado. Atualmente é empresário no ramo de segurança, sendo sócio proprietário do Grupo Iguasseg.
Vivendo em Foz já há mais de 20 anos, veio do Rio de Janeiro, sua terra natal, no ano de 1999, para assumir o comando do batalhão.