Nesta terça, a moeda americana estava cotada, antes do fechamento do mercado, em R$ 3,71.
Mas a expectativa do presidente da Associação de Casas de Câmbio do Paraguai, Rogelio Welko, é que, até o final do ano, o real fique na faixa de R$ 3,50 por dólar, com o que a atividade comercial fronteiriça seria parcialmente recuperada.
Nos últimos meses, as vendas em Ciudad del Este despencaram até 70%, segundo Welko. No pior momento, o real chegou a ser vendido ao câmbio de R$ 4 por US$ 1.
Mas a preocupação dos paraguaios vai além do câmbio e do comércio fronteiriço. O Paraguai é altamente dependente do Brasil, e se o novo presidente, Jair Bolsonaro, fechar algumas torneiras, a situação paraguaia pode se complicar.
Afinal, o futuro ministro da Fazenda de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, já informou: o Mercosul não será uma prioridade. Nem qualquer dos países vizinhos.
Intercâmbio
Descontando-se o que entra no Brasil de contrabando (isso inclui também armas, munições, drogas e cigarros), a economia formal do Paraguai depende fortemente do que o Brasil compra ou investe.
O jornal Última Hora fez um balanço que mostra como é o intercâmbio comercial entre os dois países. No total, em 2017, foram US$ 5,3 bilhões de comércio entre os dois países, dos quais o Paraguai exportou US$ 2,75 milhões e importou US$ 2,56 bilhões.
O saldo positivo, portanto, foi de US$ 210 milhões, graças à cessão de energia elétrica da Itaipu, que o Paraguai não consome e repassa ao Brasil. Em 2017, esta cessão representou US$ 667 milhões.
Oficialmente, as compras de brasileiros nas cidades de fronteira do Paraguai, pelo chamado regime de turismo, representaram US$ 1,5 bilhão no ano passado.
O Brasil também importou 77% dos US$ 210 milhões exportados pela indústria maquiladora do Paraguai.
As empresas brasileiras com filiais no Paraguai investiram no ano passado US$ 224 milhões, o que representou 49% de toda a inversão direta que o país vizinho recebeu (US$ 445 milhões).
Por fim, há a intermediação financeira. O saldo da inversão, depois de remeter recursos a suas filiais, ficou em US$ 44,7 milhões. Outros US$ 28 milhões representam investimentos brasileiros em outros setores da economia paraguaia.
Muitas empresas brasileiras interessadas em investir no Paraguai já puseram um pé no freio, à espera das decisões do novo governo.
Fonte: Última Hora