Ah, as tardes de domingo!
*Por Carlos Roberto de Oliveira
Emblematicamente, as tardes de domingo condensam todo um clima de melancolia no qual a solidão humana, em sua forma mais expressiva, é exposta.
O cenário, com suas ruas desérticas e personagens esquecidos, retratam uma peça de teatro cujo roteiro tem na indiferença, mesclada com apatia, o fator determinante.
E não era uma observação voltada para o aspecto do drama social – embora pertinente – mas sim uma espécie de vazio emocional coletivo provocado por uma sensação de tédio que se esparramava pelo ar.
Curiosamente, quem fazia a diferença de um comportamento mais espontâneo e que não concordavam com essa máxima, eram aqueles que praticamente, não tendo com quem contar, salvo pela condição de lembrados circunstancialmente, é que a desmistificavam.
E dentre esses, um personagem solitário que, sentado em um abrigo à espera de um ônibus que nunca chegava, expôs sua contestação, observando que a tarde de domingo era só mais uma tarde como a de outro dia qualquer, só exigindo um pouco mais de discernimento quanto a não só considerar o ócio como fator determinante para a alegria de se viver.
Esta percepção trazia em seu bojo, intrínseco, a necessidade de entender que, para viver o ócio, há necessidade de algum tipo de obrigação para justificá-lo e, neste aspecto, o final de semana, no qual a tarde domingo se incluía, sinalizava que o início dela era o instrumento para renovar a expectativa ociosa, porém não incentivando a alienação.
Emocionalmente equilibrado, abre um largo sorriso ao avistar, como que um milagre, seu esperado ônibus, e melhor … vazio.
*Carlos Roberto de Oliveira é empresário do ramo de logística em Foz do Iguaçu