Andando pela música

Se alguém perguntar por mim, diz que fui por aí, levando um violão debaixo do braço

Foto ilustrativa: Pixabay

Andando pela música

*Por Carlos Galetti

Andando pelas praças e vielas, buscando não sei o que, até que no fone me toca uma música da antiga, como gosto de dizer.

Se alguém perguntar por mim, diz que fui por aí, levando um violão debaixo do braço. Em qualquer esquina eu paro, em qualquer botequim eu entro, se quiserem saber se volto diga que sim, mas só depois que a saudade se afastar de mim…

Bateu uma saudade dos cantinhos cariocas, daquele samba de breque, dos sofrimentos de amores não correspondidos. Quem não chorou por amor, ou pelo menos não ouviu os lamentos dos sofredores que, através das melodias choravam suas perdas ou, pior, suas não conquistas.

Ela disse-me assim, tenha pena de mim, vai embora. Vais me prejudicar, ele pode voltar, está na hora. E eu não tinha motivo nenhum para me recusar, mas aos beijos caí em seus braços e pedi pra ficar.

Sabe o que se passou, ele nos encontrou e agora, ela sofre somente porque foi fazer o que eu quis, e o remorso está nos torturando, por ter feito a loucura que fiz, por um simples prazer fui fazer meu amor infeliz…

Na voz de Jamelão conhecemos inúmeros dramas de amor, sofrimentos, tristezas.

Hoje os amores não são menores ou menos sofridos, continuamos a tirar das músicas as lições marcantes em nossas vidas, como quando o Zeca Pagodinho mudou.

Eu não sei se ela fez feitiço, macumba ou coisa assim, eu só sei que estou bem com ela e a vida é melhor pra mim. Eu deixei de ser pé de cana, eu deixei de ser vagabundo, aumentei minha fé em Cristo, sou bem quisto por todo mundo.

Na hora de trabalhar, levanto sem reclamar, quando o galo canta já vou. A noite volto pro lar, pra tomar banho e jantar, só tomo uma no bar, bastou. Não pensa você que eu não sou mais disso, não perco mais o meu compromisso, não perco mais uma noite à toa, não traio nem troco a minha patroa.

Através da música descobrimos que o malandro mudou, afinal quem diz é o Chico Buarque de Holanda. Eu fui a Lapa pra conhecer a alta nata da malandragem que conheço de outros carnavais.

Descobri que agora já não é normal, malandro é candidato a malandro federal, dizem as más línguas que ele até trabalha, mora lá longe e chacoalha num trem da Central.

Por fim, ouço o Cartola, que diz que as rosas não falam, simplesmente exalam o perfume que roubam de ti. Devias vir para ver os meus olhos tristonhos, e quem sabe sonhavas meus sonhos, por fim.

Cartola fala de esperança, pois seu coração voltara a bater, afinal já ia terminando o verão. Seria um amor compreendido ou outro incompreendido.  Vai saber, tem de ter alguma lágrima, ou então não vale.

Maestro, mais uma!

*Carlos A. M. Galetti é coronel da reserva do Exército, foi comandante do 34o Batalhão de Infantaria Motorizado. Atualmente é empresário no ramo de segurança, sendo sócio proprietário do Grupo Iguasseg. 

Vivendo em Foz já há mais de 20 anos, veio do Rio de Janeiro, sua terra natal, no ano de 1999, para assumir o comando do batalhão.

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