Não dá pra entender. No Brasil, a taxa básica de juros é de 6,25% ao ano, a mais baixa da história. Na Argentina, foi fixada há dois dias em 27,25% ao ano, o que se explica pela inflação elevada – foi de 24,8% em 2017.
A inflação brasileira está sob controle – foi de apenas 2,95% no Brasil, no ano passado.
Até aí, tem lógica. A Argentina tem uma das taxas básicas de juros mais altas do mundo porque tem também uma das inflações mais altas.
No entanto… os argentinos pagam no cartão de crédito e nos empréstimos pessoais cinco ou até seis vezes menos que os brasileiros. A taxa não chega a 50% ao ano (o dobro da inflação de lá), enquanto por aqui oscila entre 200% (a mais baixa) e mais de 300% ao ano, ou cem vezes a taxa de inflação.
Se incertezas econômicas são a desculpa pra cobrarem tanto no Brasil, elas existem tanto aqui quanto lá. Inadimplência é problema comum aos dois países.
Em resumo: “Não existe justificativa técnica, econômica, política ou moral para a cobrança de taxas tão elevadas, que prejudicam toda a sociedade e o próprio país. Os juros extorsivos esterilizam grande quantidade de recursos que deveriam estar circulando na economia produtiva, pagando melhores salários e viabilizando serviços sociais que garantiriam vida digna para as pessoas”.
Quem diz isso, com propriedade, é a coordenadora nacional da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lúcia Fatorelli.
E o Paraguai? Bem, o Paraguai é um caso à parte. O Banco Central decidiu manter inalterada a taxa de juro básico em 5,25%, porque a inflação permanece em comportamento de baixa.
E pro consumidor, que é o que interessa a todos os mortais? Aí, é de brasileiro chorar: no cartão de crédito, o paraguaio paga por ano um pouquinho mais do que o brasileiro paga de juros por mês.