Pois é, o Banco Itaú cobra no Brasil entre 174,34% e 352,12% ao ano no cartão de crédito. Ali no Paraguai, apenas 13,35%, abaixo até da taxa mensal cobrada de muitos clientes brasileiros.
E quem levanta a lebre é o ressuscitado Jornal do Brasil, que voltou às bancas com sua edição impressa.
Pra pagar menos, o JB recomenda uma visita a Foz do Iguaçu. Diz o texto assinado por Gilberto Menezes Côrtes:
“Além das belezas naturais das Cataratas do Iguaçu, uma simples travessia da Ponte da Amizade pode render boas economias. Não. Não se trata das tradicionais muambas paraguaias. Ou de uma noitada sortuda num dos cassinos do lado de lá da fronteira. Basta uma visita a uma das agência do Banco Itaú em qualquer cidade do Paraguai.”
E segue: “Os juros que o Itaú cobra dos nossos hermanos paraguaios são muito menores do que pagamos por aqui. No Brasil, paga-se, em um mês, o que os donos de cartão do Itaú Unibanco pagam em um ano.”
O jornalista conta que tem um amigo brasileiro que vive, hoje, de comprar artigos “made in Paraguay” pra revender no Brasil, utilizando um cartão de crédito do Itaú. Ganha duplamente: nas taxas de juros do cartão e “nas pechinchas de qualidade duvidosa”.
Aí, veio a pergunta: “Terá o Paraguai algum segredo econômico?” E a resposta: “Além dos juros baixos, uma tributação bem menor que a nossa. Resultado: muitos empresários brasileiros mudaram para lá para produzir e exportar para o Brasil”.
O artigo lembra que o Paraguai tem inflação anual em torno de 4% e o piso dos juros anuais é de 5,25%. No Brasil a inflação fechou 2017 com apenas 2,95% e a taxa Selic (o piso bancário brasileiro é de 6,50% ao ano.
Mesmo com inflação baixa e Selic baixa, os bancos arrocham o brasileiro nos juros. Há muitas explicações pra isso (o jornal não entra a fundo na questão), mas não convencem.
O que o artigo lembra é que o Itaú Unibanco pagou apenas R$ 1 para comprar a rede de agências do Interbanco no Paraguai, criado pelo Banco Nacional nos anos 1980. O Nacional foi comprado em 1995 pelo Unibanco por este valor simbólico de R$ 1 e levou as agências paraguaias. Em 1998, o Itaú fundiu-se ao Unibanco.
Segundo o JB, o Itaú consolidou sua presença na Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai, nos últimos anos, e com a fusão entre o Itaú Chile e o CorpBanca, chegou à Colômbia e ao Panamá.
O ItaúUnibanco tem operações na Europa (França, Alemanha, Portugal, Reino Unido, Espanha e Suíça), nos Estados Unidos (Miami e Nova Iorque), e nos paraísos fiscais do Caribe (Ilhas Cayman e Bahamas), do Oriente Médio (Dubai) e da Ásia (Hong Kong), além de agências em Xangai (China) e Tóquio (Japão).
“São centros financeiros que facilitam captar recursos para o Brasil a custos mais baixos e ampliar os ganhos de arbitragem nas taxas de juros com as elevadíssimas taxas praticadas no Brasil”, conclui o artigo do Jornal do Brasil.
Em resumo: os bancos lucram cada vez mais e o brasileiro é cada vez mais escorchado.