Aumento de Efetivo

Um desses dias vieram minha mulher e filha, em Comissão, solicitar a este órgão controlador, eu, para ficar com os gatos

Foto ilustrativa: Pixabay

Aumento de Efetivo

*Por Carlos Galetti

Expressão típica militar, sei que vocês compreenderão, pois vindo de um velho militar, que ficou na Força Terrestre por mais de trinta anos, soa perfeitamente normal. Claro que poderia dizer aumentou o número de gatos lá em casa, mas, no meu “metier”, se diz, aumentou o efetivo.

Pois é, não é verdade? Os gatos que já eram 09, foram acrescidos de mais dois, uma pobre mãe e seu fiel filho, dois gatos negros, tipo aquelas panteras. Deixe que lhes conte mais essa história.

No final da minha rua, a Piraí, no Libra, tem uma rua que fecha o bairro, somente nos restando um campo aberto, nem tão aberto assim, pois o mato sempre o cobre, até que o dono ou a Prefeitura resolva podá-lo. Pois foi nesse fim de bairro que jogaram a família inteira, com exceção do pai desnaturado que abandonou a prole, tendo pelo menos a dignidade de deixá-los reunidos.

Logo a população de bom coração mobilizou-se, surgindo alimentos, os mais variados, caixas com coberturas, ainda bem, pois foi período de bastante chuva. Em meio às almas bondosas, surge a Super Marla, minha filha, que me parece ter a pretensão de recolher todos os animais desabrigados, pelo menos os do Brasil.

Eram a mãe e quatro gatinhos, sendo um pretinho, o macho, e três fêmeas, fugindo as características da mãe, apresentando olhos claros, pelagem clara e porte mais insinuado. Claro que as três irmãs logo sumiram, restando a mãe e o “ETzinho”, como o apelidei, pois beleza não é um de seus requisitos.

Um desses dias vieram minha mulher e filha, em Comissão, solicitar a este órgão controlador, eu, para ficar com os gatos, como se tivesse poder de veto. Aproveitei e fiz meu nome, fui para a tribuna da ONU, fiz discurso de meia-hora, defendendo a liberdade de expressão, o direito à vida e a capacidade de livre pensamento. Ao final os pequenos vieram.

Assim nossa casa abriga agora mais dois hóspedes, o, dentre tantos nomes, “ETzinho” e a sua mãe Luna, parece até nome de artista.

Acredito que estejam felizes, tem havido um bom relacionamento com os demais bichanos, sendo que às vezes rola um carinho mais excessivo, tal como uma patada com as unhas em riste. Coibimos tais práticas, pois consideramos que estas contrariam os ideais de democracia que deve existir no seio de uma família.

Sim, já são considerados membros da família, já deixaram de ser novidade, estão perfeitamente inseridos no contexto do nosso dia a dia. Podemos dizer que já conquistaram seus espaços, já convivem com os demais, sem ameaças de conflitos ou ferimento de suscetibilidades.

Noutro dia vi o Lochi, um dos mais antigos, reivindicando a realização de uma Assembléia Legislativa para a formação de um time de futebol, “Los Miados”.

Agora, com onze, seria fácil, mas já teve um gaiato que sugeriu futebol de campo, defendendo que teríamos que contratar reservas.

Desmaiei, mais não!

Carlos A. M. Galetti é coronel da reserva do Exército, foi comandante do 34o Batalhão de Infantaria Motorizado. Atualmente. é empresário no ramo de segurança, sendo sócio proprietário do Grupo Iguasseg. 

Vivendo em Foz já há mais de 20 anos, veio do Rio de Janeiro, sua terra natal, no ano de 1999, para assumir o comando do batalhão.

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