Autoridades nada fazem e prossegue o propinoduto em Ciudad del Este

Policial em ação pra “segurar” o trânsito e provocar engarrafamentos. Foto: Vanguardia

O esquema de propinas no trânsito de Ciudad del Este não parou, apesar de todas as denúncias.

Um brasileiro – leitor do Não Viu? -, que precisa ir a trabalho a Ciudad del Este todos os dias, diz que já não aguenta mais o esquema de achaques.

“Se eu tiver que pagar R$ 50, R$ 40 ou mesmo R$ 20 por dia (aos achacadores), eu vou passar fome”, reclama. No sábado, 16, pra escapar da fila provocada pelos policiais e falsos guias de turismo, ele aceitou pagar R$ 10 a um dos guias pra desviar por uma via paralela.

Mas, na hora de acessar a pista para a Ponte da Amizade, exigiram mais R$ 40 ou “voltaria pro final da fila”. Pagou.

O jornal Vanguardia, que tem feito seguidas denúncias, diz que “as autoridades municipais permanecem em silêncio sobre a prática extorsiva dos policiais municipais que provocam engarrafamentos para cobrar propinas no centro de Ciudad del Este”.

Nem mesmo os promotores de Justiça abriram investigação sobre a prática. A extorsão continua a ser feita impunemente e arrecada um milionário (em guaranis) montante todos os dias, afirma o Vanguardia.

A ação dos achacadores se dá num pequeno trecho de 700 metros da rodovia internacional que corta o centro comercial de Ciudad del Este. A pé, o trecho pode ser percorrido em oito minutos.

No entanto, quando os engarrafamentos provocados começam, o trânsito permanece congelado por mais de duas horas. É quando entram em ação os “facilitadores” que, mediante propina, levam os motoristas a vias paralelas, dando acesso à Ponte da Amizade – o que seria proibido, mas ali estão agentes municipais corruptos para dar permissão.

O Vanguardia estima que a arrecadação de propina chega a 40 milhões de guaranis por dia, o que equivale a mais de R$ 25 mil.

O jornal denuncia “a evidente cumplicidade da intendente municipal (prefeita) Sandra McLeod que, apesar das denúncias e das queixas dos motoristas, solta as rédeas para a prática criminosa”.

Ouvido pelo Vanguardia, o advogado Nicolás Russo diz que o esquema, que conta com anuência da intendente, deveria ser investigado pela promotoria.

Ele afirma que há vários crimes correlacionados: associação criminosa, suborno, extorsão, coação e intervenção perigosa no trânsito terrestre, entre outros.

“Isto é uma vergonha internacional”, concluiu.

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