BBC Mundo diz que “milagre econômico” do Paraguai ainda precisa chegar “a toda a sociedade”

Os edifícios conquistaram a paisagem de Assunção nos últimos anos. Foto: BBC Mundo

O Paraguai, na visão da BBC Mundo. Matéria do enviado especial Daniel Pardo traz o lado positivo e também o lado negativo do boom econômico do Paraguai.

Com o título “Assunção vai terminar como o Panamá: como Argentina e Brasil impulsionam o boom econômico e imobiliário que vive o Paraguai”, a reportagem mostra que o “milagre econômico” do país ainda não beneficiou toda a sociedade. Mas a transformação que provocou é surpreendente.

A reportagem começa destacando alguns prédios em construção na capital paraguaia, como o edifício ‘The One Downtown’, descrito como “um projeto residencial de fachada branca e espelhos que bem poderia estar na Cidade do Panamá, a meca latino-americana do empreendimento imobiliário”.

O prédio de 20 andares tem piscina infinita no terraço e um café no lobby, e “chega para adaptar-se ao novo estilo de vida que começa a nascer em Assunção”, como diz o folheto publicitário.

Terraço de edifício de luxo: piscina de borda infinita e paisagem exuberante. Foto: Divulgação

A BBC Mundo diz que, “durante os últimos anos, a paisagem exuberante e anteriormente plana da capital paraguaia viu dezenas de edifícios surgirem lá no alto”. Há muitos centros comerciais e escritórios, mas na maioria são edifícios residenciais que levam nomes como Feel, Blue Tower, Pride e Eminent.

“Os paraguaios, que em sua maioria estão longe de ter acesso a essa forma de vida, elegerão um novo presidente neste domingo (22) com a esperança de que o ‘milagre econômico’ se expanda a toda a sociedade”, diz a reportagem.

De qualquer forma, o país, governado pelo colorado Horacio Cartes, “goza de números macroeconômicos invejáveis na região: alto e constante crescimento, baixo déficit fiscal e câmbio estável, fatores que levaram a uma das maiores taxas de investimento estrangeiro na América Latina”.

A reportagem lembra, no entanto, que a taxa de pobreza do Paraguai é elevada (26%), que o país tem uma das percepções de corrupção mais altas da região e que a infraestrutura e os serviços básicos ainda são ineficientes e caros. E, ainda, que o país possui “um dos piores sistemas de educação do mundo”, segundo o ranking de Competitividade Global do Fórum Econômico Mundial.

Rubén Ramírez, um dos mais prestigiados economistas do Paraguai, acha que a comparação do seu país com o Panamá é adequada. Quando ele foi ao Panamá, em 2008, “os edifícios estavam apenas em construção e o país estava como vejo o Paraguai agora, na antessala de um auge econômico”, como disse à BBC Mundo.

A ministra da Fazenda, Lea Gimenez, assina embaixo: “O exemplo do Panamá é interessante porque, tendo em conta as diferenças básicas, também temos como objetivo nos convertermos em hub para a região”.

A matéria lembra que, em 2003, o país entrou em “default” (ficou impossibilitado de pagar suas dívidas), o que levou os governantes paraguaios a entrarem em acordo pela primeira vez na história para levar a cabo um conjunto de políticas econômicas de continuidade.

Paseo Galería, um dos novos centros comerciais e de lazer da capital paraguaia.

Desde então, diz Rubén Ramírez, “se constrói uma cultura disciplinada de controle e estabilidade do gasto público e do balanço fiscal; se desenvolve uma política monetária e cambial estável; e se reforma o sistema tributário para que, com 10% de IVA, 10% de imposto de renda e 10% sobre os ganhos se promova o investimento”.

Embora haja críticos das políticas neoliberais paraguaias, segundo os quais o pais entregou sua independência econômica a grandes potências como Brasil, Argentina e Estados Unidos, economistas como Ramírez – prossegue a reportagem – “argumentam que, para um país sem acesso ao mar, rodeado de enormes economias e com uma história de autoritarismo, violência e crises, a abertura em grande escala é inevitável e urgente”.

A ministra Lea Gimenez reconhece que a economia paraguaia está de alguma maneira submetida a seus pares regionais, mas diz que o governo conseguiu reduzir esta dependência. “Enquanto Argentina e Brasil estiveram em recessão, nós mantivemos o crescimento”, afirma.

Ela destaca ainda que houve uma diversificação da economia e da exportação que reduzem a dependência: o Paraguai passou a exportar para 22 novos países e a contribuição da exportação no Produto Interno Bruto se reduziu, enquanto aumentou a das indústrias, do comércio e da construção.

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