Bem que chineses tentaram, mas recorde mundial de geração anual ainda é de Itaipu

Três Gargantas e Itaipu: saudável competição.

Mesmo 60% maior que Itaipu em capacidade instalada, a usina de Três Gargantas não superou o recorde mundial de Itaipu, de 2016, quando a binacional brasileiro-paraguaia gerou 103,1 milhões de megawatts-hora (MWh).

Mesmo assim, os chineses produziram 101 milhões de MWh, em 2018, e tornaram Três Gargantas a segunda hidrelétrica do mundo a superar a barreira dos 100 milhões de MWh (a primeira nem precisa repetir qual foi).

A capacidade instalada da usina de Três Gargantas é de 22,4 mil megawatts (MW), 60% maior que os 14 mil MW de Itaipu. Isto é, Três Gargantas corresponde a 1,6 Itaipu.

Mas, na comparação de produtividade, a binacional mantém, além da produção anual recorde de 2016, a melhor média dos cinco anos – 98,5 milhões de MWh. A média dos cinco melhores anos da usina chinesa é de 97,9 milhões de MWh.

E como Itaipu, com menos capacidade, consegue ser competitiva e ate mesmo superar a produção de Três Gargantas?

Segundo o diretor técnico executivo de Itaipu, Mauro Corbellini, há uma série de razões que diferenciam os projetos dessas duas megausinas extraordinárias, entre elas, os objetivos, a regularidade das vazões e os mercados de consumo.

Mas, se fosse para destacar só um dado, afirma Corbellini, seria a produtividade da Itaipu.

Dança com as águas

Foto: Itaipu Binacional Paraguai

Nos melhores cinco anos da Itaipu, todos recentes, a produtividade média tem sido de 97,8%. Isso significa, na prática, que 97,8% da água turbinável, prevista pelo projeto, foi transformada em energia, em MWh, ou seja aproveitada para gerar. Quase não houve desperdício.

Isso se deve ao processo interno adotado pela usina, conhecido como “dança com as águas”.
Coordenado pela Diretoria Técnica, esse sistema permite sincronizar as atividades binacionais de Engenharia, Obras e Montagens, Manutenção e Operação ao sinal hidrológico, não somente da Itaipu, mas de seus parceiros, como Operador Nacional do Sistema (ONS), Furnas, Eletrosul e a estatal paraguaia Ande.

“É justamente essa produtividade que tem feito a diferença”, reforça Corbellini.

Torcida

O diretor-geral brasileiro, Marcos Stamm, explica que “os excelentes índices de Itaipu, associados à afluência da Bacia Hidrográfica do Paraná e à demanda por energia dos mercados brasileiro e paraguaio, têm permitido a nossa usina viver o seu melhor desempenho operativo dos últimos anos”.

Sobre o que considera uma saudável concorrência operativa entre as usinas, Stamm diz que, inevitavelmente, um dia a chinesa, por ter capacidade instalada muito maior, ultrapassará Itaipu.

“Mas eu torço pra que isso demore a acontecer”, diz Stamm, em tom de brincadeira.

Cooperação

Três Gargantas: desde o início, muitos estudos em Itaipu. Foto: Allen Watkin\Flickr

Três Gargantas foi construída no Rio Yang-tsé e tem como funções não só a geração de energia, mas também a prevenção de enchentes (que provocavam catástrofes, antes da construção da barragem) e facilitar o transporte fluvial.

Ela é mantida pela holding Three Gorges Corporation, que controla várias usinas chinesas. A mais importante é justamente Três Gargantas, a maior do mundo em capacidade instalada.

Boa parte do know-how utilizado no projeto daquela usina foi adquirida pelos chineses em visitas à hidrelétrica de Itaipu desde o início da sua construção, ainda em meados de 1974, nos canteiros de obra.

As duas usinas têm um ótimo relacionamento. Ambas mantêm vários protocolos de intenções para desenvolver ações conjuntas de pesquisa nas áreas de energia renovável.

Itaipu desenvolve vários projetos neste setor, entre eles o do biogás, replicado em várias partes do Brasil e do mundo.

Estão previstas nesta parceria a realização de seminários técnicos para troca de conhecimentos em temas operacionais, seminários setoriais, além de estágios para jovens engenheiros, projetos de pesquisa que fortaleçam os parques tecnológicos e cooperação em projetos de responsabilidade social e desenvolvimento regional.

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