Cacau, com 1 aninho, já está do tamanho da mãe. E tão bonita quanto

No ambiente decorado pra festa, bolo especial (de carne) pra aniversariante e pra dona Nena. Foto: Nilton Rolin

Cacau, a oncinha do Refúgio Biológico de Itaipu, já está do tamanho da mamãe, dona Nena. Ela completa um aninho no dia 28, mas ganhou nesta quinta (21) uma festa de aniversário.

A antes oncinha já está independente e não precisa mais viver junto com dona Nena, por isso vai ganhar um novo espaço no Refúgio. Com isso, o papai, Valente, voltará a viver com mamãe, e o casal terá oportunidade de gerar irmãozinhos pra Cacau.

Ou, em linguagem do Refúgio, o casal dará continuidade ao Programa de Reprodução da Onça-Pintada do Refúgio Biológico Bela Vista.

Aliás, Cacau vai mudar pro outro lado da fronteira. No lado paraguaio, ela viverá com uma onça-pintada macho, em um recinto que está sendo construído, para também participar do programa de reprodução.

Este é o bolo de aniversário, mas só pros convidados. Cacau não pode comer doces. Foto: Nilton Rolin

“A Cacau representa todo o esforço da Itaipu em prol do meio ambiente e da sustentabilidade. Agora, ela vai representar também a nossa integração com o Paraguai, porque vai passar a morar do outro lado do rio”, disse o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Luiz Fernando Leone Vianna.

De acordo com o superintendente de Gestão Ambiental da Itaipu, Ariel Scheffer da Silva, outras instituições internacionais têm interesse em fazer intercâmbio de animais com o RBV.

Espécies como antas e veados podem ser transferidas para o Parque Nacional Iberá, uma área de quase 140 mil hectares comprados pela ONG Conservation Land Trust, na Província de Corrientes, Argentina, para proteger animais em risco de extinção.

Imitação da natureza

Convidados da festa: todos amigos da onça. Foto: Nilton Rolin

Cacau pesa cerca de 50 kg e tem praticamente o mesmo tamanho da mãe, Nena. Ela é um exemplo bem-sucedido de reprodução de onça-pintada em cativeiro, a primeira nascida no RBV em 14 anos de tentativas, desde a criação do projeto.

No manejo da espécie, os profissionais do Refúgio de Itaipu usam técnicas para deixar o recinto o mais próximo do ambiente silvestre. “A gente simula várias situações da natureza”, explica o biólogo Marcos de Oliveira, “no recinto há um lago, troncos, pedras para fazê-las se exercitar”. Também são colocadas fezes de animais menores, para simular o odor das presas, além de outros estímulos que contribuem para o enriquecimento ambiental.

De acordo com o biólogo de Itaipu, a presença da mãe é importante até o primeiro ano de vida. Neste período, o pai permanece separado e se reveza no recinto. Isso ocorre porque o macho não desenvolve instintos para cuidar dos filhotes e pode machucá-los. A partir do primeiro ano de vida, a onça começa a buscar novos espaços para criar a própria família.

Festa para Cacau

Turistas, imprensa, tratadores do RBV, empregados da Itaipu e outros convidados participaram do aniversário da Cacau, que ganhou um bolo congelado de carne. Aos participantes da festa foi feito um bolo “tradicional”. Todos cantaram os “Parabéns para você”.

Entre os convidados estavam duas crianças atendidas pela Associação Cristão de Deficientes Físicos (ACDD) de Foz do Iguaçu. David, de 5 anos, que tem deficiência intelectual, e Adrian, 10 anos, com paralisia cerebral, estavam curiosos para ver as tais onças-pintadas. “Para eles é um dia especial. Jamais imaginariam estar diante de um animal deste tamanho”, explicou o presidente da ACDD, Josias Florencio.

“Queremos trazer todas as crianças da ACDD para visitar o refúgio biológico, em 2018”, afirma Florencio. A entidade atende 113 crianças com algum tipo de deficiência, em Foz do Iguaçu, com aulas da grade curricular do ensino fundamental. “Em outros Estados, as instituições apenas cuidam das crianças, mas aqui, no Paraná, a gente também as educa”.

Quem também acompanhou de perto as homenagens à onça do refúgio foi Delci Alves de Oliveira, um dos 23 tratadores responsáveis pelos cuidados com os animais do RBV. Com mais de 25 anos de trabalho, ele já conheceu todas as onças-pintadas de Itaipu, de Juma à Cacau. “Isso aqui é a minha vida, é como minha segunda casa”, diz.

A rotina de Delci começa quando são soltas as onças no recinto (em alguns dias da semana é a vez de Valente, em outros, de Nena e Cacau). “A mãe sempre vai na frente e, em seguida, vem a filha. Para recolher as duas é a mesma coisa. Acho isso certo, a filha tem que seguir a mãe”, brinca. O tratador ainda consegue diferenciar as duas pelo tamanho e por certa agitação típica de filhote de Cacau.

O tratador diz não querer estar trabalhando no dia em que a onça-pintada tiver de partida. “A gente cria uma afinidade com as onças, a Juma era muito querida”, conta. Mas ele sabe que uma futura mudança de recinto será o melhor para Cacau, Nena, Valente e para a reprodução da espécie.

RBV

O Refúgio Biológico Bela Vista está instalado em uma área de 1.908 hectares, na margem brasileira da usina, em Foz do Iguaçu (PR). O espaço reúne hoje a maior diversidade de espécies da flora e da fauna regional, muitas delas ameaçadas de extinção. O plantel de Itaipu conta com mais de 380 animais.

O local é aberto à visitação. Moradores de Foz do Iguaçu, dos municípios lindeiros ao Lago de Itaipu e da região das três fronteiras não pagam para conhecer o atrativo. A visita pode ser feita de terça-feira a domingo, em seis horários: 8h30, 9h30, 10h30, 13h30, 14h30 e 15h30. A duração do passeio é de aproximadamente duas horas e meia.

Mais informações e reservas para visitar o RBV e outros atrativos podem ser obtidas no site www.turismoitaipu.com.br ou pelos telefones 0800 645 4645 e 55 45 3529-2892.

Mais do que uma atração turística, o espaço é um importante centro de pesquisas e desenvolvimento de projetos, que recebe especialistas do mundo inteiro. Além da reprodução da onça-pintada, os profissionais focam seus esforços para harpias, antas e veados.

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