O Primeiro Comando da Capital (PCC) sofre uma baixa no Paraguai: foi preso em Assunção o traficante brasileiro Eduardo Aparecido de Almeida, conhecido como Pisca, que seria o segundo ou terceiro no comando da organização criminosa no país vizinho.
Junto com ele, foi preso outro brasileiro, Ricardo Moraes Alves, também procurado pela polícia brasileira, e também um suboficial da Polícia Nacional Paraguaia, identificado como Carlos Alfredo Mendoza.
Almeida é procurado pela Justiça brasileira por diversos crimes, entre eles de ser um dos responsáveis, em 2006, pelo sequestro da mãe do ex-lateral Kléber, que na época defendia o Santos e passou também por Corinthians e Internacional, entre outros clubes.
O ministro da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai, Hugo Vera, disse que não consta nenhum registro de entrada do traficante em território paraguaio, o que leva a crer que ele usou documentos falsos para ingressar no país.
Hugo Vera afirmou que está em trâmite o processo de “expulsão rápida” de Almeida para o Brasil, o que acabou acontecendo ontem (quarta) mesmo: Eduardo Aparecido de Almeida e Ricardo Moraes Alves foram expulsos do Paraguai e entregues a autoridades brasileiras.
O traficante vivia numa casa de luxo em Assunção. As informações são da Agência EFE\Agência Brasil.
Veja o vídeo sobre a prisão, feito pelo jornal Última Hora:
Atração paraguaia
Nos últimos anos, o Paraguai foi o país da América do Sul que mais atraiu criminosos saídos do Brasil, segundo levantamento feito pelo jornal O Povo, de Fortaleza.
No ano passado, ocupou a segunda posição no mundo em número de cidadãos brasileiros presos no exterior (365 pessoas), justamente pela entrada no país de integrantes do PCC.
No mundo, só nos Estados Unidos houve mais casos semelhantes (534 registros).
Relatório do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, que faz a contagem de detidos fora do País, confirma a migração ilícita entre 2013 e 2017.
Os principais crimes apontados pelo Itamaraty são o tráfico de drogas e armas e homicídios. O levantamento é anual, com base nas detenções registradas por bases consulares brasileiras pelo mundo.
O Povo ouviu o jornalista Candido Figueredo Ruíz, correspondente do jornal ABC Color em Pedro Juan Caballero, que informou: “As estruturas do PCC estão estabelecidas em todas as cidades importantes do Paraguai.”
Ele disse que “o PCC possui células ativas nas principais cidades da fronteira com o Brasil, como Ciudad del Leste, Salto del Guairá, Bella Vista Norte e Pedro Juan Caballero. Também está na capital, Assunción”.
Segndo Figueredo, a região com presença mais forte do PCC é Pedro Juan Caballero, por ser área dos maiores plantios de maconha da América do Sul e um dos principais corredores de cocaína saída da Bolívia, Peru e Colômbia.
De lá, as cargas ilícitas sobem para o Brasil por estradas e, em seguida, para portos e aeroportos em direção à África e Europa.
O porto de Santos (SP), o maior do Brasil, é o preferido dos traficantes da facção. O Povo lembra que, no último dia 9 de julho, Polícia Federal e Receita Federal, através da operação Antigoon, descobriram uma carga de quatro toneladas de cocaína que seria remetida para Europa por navios em contêineres.
Assassinatos e proteção
“A expansão do PCC foi de uma maneira rápida, à força de assassinatos de líderes rivais e com um poder econômico com o qual conseguiu comprar proteção policial e judicial. Apesar de que também existem células de traficantes que respondem ao Comando Vermelho, o PCC é hoje o grupo criminal organizado mais poderoso do Paraguai”, diz o jornalista paraguaio.
O Paraguai já é território de novos negócios do grupo desde o início dos anos 2000. Haveria registros mais frequentes de integrantes em ações criminosas ou no sistema penitenciário local a partir de 2010, segundo dados de autoridades penitenciárias do País vizinho. Hoje, o interesse do grupo está em assumir também as plantações de marihuana (maconha) do País e passar a ser dono da produção e distribuição.
A rede de contatos da organização, além do Paraguai, se espalha por Bolívia, Colômbia, Venezuela, Guianas e Suriname. No monitoramento do Itamaraty sobre detenções, a Bolívia é justamente o outro país fronteiriço com mais brasileiros presos. De 127 casos em 2013 (7º), foi a 117 em 2014, caiu para 71 em 2015, subiu para 107 em 2016 e alcançou 123 registros de prisões no ano passado.