Caminhada

Sendo a tragédia algo funesto, e quando a alternativa do caminho oferece a possibilidade de se ir, pouco importa a volta, que se valorize a comédia

Foto ilustrativa: Pixabay

Caminhada

*Por Carlos Roberto Oliveira

Da trajetória percorrida em suas andanças pelos caminhos da vida, os que mais o motivaram trilhá-los, até então, foram aqueles cujas bifurcações não apresentavam placas indicativas que o induzissem a ir para algum lugar como se aquele fosse o ideal.

Emblematicamente, sua rejeição a qualquer sugestão de que caminho tomar, longe de uma atitude de adolescente que tem na contestação sua razão maior, sempre levou em conta uma determinação pessoal voltada para algo que tem, pela busca do conhecimento, a ferramenta para encontrar um horizonte em que pudesse desenvolver sua individualidade sem egoísmo.

Já em uma fase madura de sua vivência, na qual as escolhas, sem qualquer discriminação, se tornaram mais seletivas, dispensava orientações cujas guinadas fossem ora para a esquerda ora para a direita, pois ambas inócuas e dispensáveis.

E, simbolicamente, de sua independência de condicionamentos como forma de manter sua autoestima, a opção pelo eito de chão batido, cuja demora na caminhada lhe proporcionava um maior tempo de pensar e tentar encontrar forças para enfrentar uma realidade que teima em se manter agressiva e, hipócrita e paradoxalmente, conciliadora, representava a forma que encontrava para tentar ser o que sempre almejara, um simples vivente.

Sendo a tragédia algo funesto, e quando a alternativa do caminho oferece a possibilidade de se ir, pouco importa a volta, que se valorize a comédia.

*Carlos Roberto de Oliveira é empresário do setor de logística em Foz do Iguaçu.

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