Ciudad del Este-Assunção: assaltantes de olho na viagem da propina

A dinheirama que estava no carro de um chefe aduaneiro, que se acidentou. Suspeita do fiscal? Propina da grossa. Foto: Vanguardia

Sabe quem são as vítimas preferidas dos assaltantes paraguaios? Os funcionários aduaneiros que viajam de Ciudad del Este a Assunção, principalmente às sexta-feiras.

O motivo é simples, segundo diz o jornal Vanguardia, na edição desta quinta (8). É que eles podem estar levando para seus chefes na capital a propina arrecadada por aqui.

“A arrecadação de propinas nos postos de Aduana de Alto Paraná não é nenhum segredo. Os funcionários aduaneiros recebem milionárias propinas para permitir o ingresso de produtos de contrabando”, diz o Vanguardia.

O último assalto foi na terça-feira passada e a vítima, um despachante aduaneiro, disse que os ladrões só levaram pertences pessoais. Mas o Vanguardia não bota fé.

O jornal conta que os “piratas do asfalto” já interceptaram, em várias ocasiões, os funcionários aduaneiros, para roubar maletas de propina.

Já houve feridos e até uma morte, mas “as investigações (…) são tratadas com extremo segredo, já que os beneficiários da arrecadação ilegal estão nos mais altos postos do governo”.

O jornal lembra alguns casos do passado, como o de uma administradora do posto aduaneiro do km 12 de Ciudad del Este, morta por assaltantes em 23 de setembro de 2005, quando viajava para Assunção com o marido e outros dois acompanhantes.

A suspeita era que queriam roubar as maletas de propina, mas outras hipóteses foram levantadas, até de crime passional. De qualquer forma, os assaltantes foram detidos, fugiram da prisão e apareceram mortos em Ciudad del Este.

Em 26 de junho de 2015, o então chefe aduaneiro do posto do km 60 morreu num acidente de trânsito na estrada. No carro dele foram encontradas três maletas com US$ 149 mil e 361 milhões de guaranis.

Os familiares buscam recuperar o dinheiro na Justiça, dizendo que o dinheiro foi da venda de propriedades, mas o fiscal que investiga o caso suspeita que seja fruto de propinas.

Em outro assalto, em julho de 2017, os criminosos atacaram o carro em que viajava um chefe de aduana e seu secretário. Eles levaram dinheiro e celulares, mas há versões, segundo o Vanguardia, que apontam que os assaltantes também fugiram com maletas de propinas.

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