Ciudad del Este mudou, “pero no mucho”, principalmente devido a “ataques de piranhas”

Apesar do investimento de muitos empreendedores e da melhora no atendimento aos visitantes, a cidade ainda é maltratada.

Ponte da Amizade tendo ao fundo Ciudad del Este. Foto: Cris Loose

Texto e fotos de Cris Loose, especial para o Não Viu?

Fazia tempo que eu não cruzava a Ponte da Amizade até Ciudad del Este que, no caso de quem mora aqui na tríplice fronteira, é considerada praticamente uma extensão da cidade. Algumas coisas melhoraram e muito. Outras não acompanharam o mesmo ritmo. Aliás, tem situações que parecem fazer parte da cultura da nossa região.

Piranhas – A primeira delas a gente encontra logo ao atravessar a ponte. São os chamados “piranhas”.

Eles querem saber o que você vai comprar e insistem em te levar até determinada loja. Muitos estão trabalhando corretamente, mas o problema é que esse “acompanhamento” pode não ser seguro e se você der conversa, pode se dar mal.

De acordo com a Liliana Flores, da Divisão de Turismo da prefeitura de Ciudad del Este, um grupo de 20 pessoas foi treinado para atuar orientando os turistas. São os chamados “promotores locais de turismo de compras”.

Alguns dizem ser funcionários da municipalidade (prefeitura) e mostram crachás com código QR e tudo. Fui abordada por dois deles, em situações diferentes e o detalhe é que apesar da conversa idêntica, os crachás eram diferentes.

Liliana explicou que os crachás são diferentes porque eles fazem partes de grupos diferentes e esclareceu que “eles não são funcionários da prefeitura, embora alguns tenham sido treinados para auxiliar e orientar os turistas”.

Liliana também falou que o Escritório de Defesa do Consumidor está funcionando, no centro da cidade, e que as pessoas que se sentirem lesadas devem procurar auxílio.

Os números para contato com a Defesa do Consumidor são: +595 61 500 805 ou o +595 973 592 792.

Já o promotor Edgar Torales, disse quea essa função de “guia de compras” que vem sendo habilitada pela Prefeitura de Ciudad del Este não existe e que já pediu informações para a administração municipal. “Nós estamos tendo problemas com isso”, falou.

De qualquer forma, o ideal é buscar informação antes de cruzar a fronteira e ir até os locais que foram indicados, ou ainda, pedir informações para os seguranças das lojas e dos shoppings. Pelo menos por eles fui bem orientada.

Cenário de guerra – Na baixada da avenida Adrián Jara, no coração comercial de Ciudad del Este, encontrei uma situação que mais parecia cenário de guerra. De acordo com taxistas e comerciantes, obra do descaso da prefeitura, que não arruma as vias.

“Com as chuvas, os pedaços de pedra e de asfalto descem tudo aqui. Até essa mureta foi construída para evitar que a água invada as lojas”, comentou um taxista.

Outra pessoa reclamou da atual administração municipal, dizendo que “não é feito nada aqui nessa região central e quando chove vira um caos”.

Uma imagem que reflete bem o significado de caos é o emaranhado de fios nos postes da área central. Perguntei a um comerciante se aquilo era seguro e ele respondeu “normal”.

Normal também é o trânsito caótico, pelo menos no chamado microcentro e na ponte da amizade.

No ritmo dos motociclistas – Na volta, a pé pela Ponte da Amizade, é comum encontrar motociclistas parados à direita da pista de retorno, logo na saída do Paraguay, se comunicando pelo WhatsApp.

Eles trocam informações sobre a fiscalização no lado brasileiro e esperam o “melhor momento” para voltar para o Brasil, sem passar pela abordagem da Receita Federal.

Verdadeiras artimanhas para trazer mercadorias das mais diversas, no modelo “formiguinha”.

E para resumir, tem coisas que “solamente acá” são normais.

 

@crisloosecompartilha

Sair da versão mobile