Parodiando o naturalista Saint-Hilaire, que no século 19 cunhou a frase “Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil”, pode-se dizer do Paraguai, com muita propriedade: “Ou acaba com a propina ou ela acaba com o país”.
A prática execrável é tão normal que até o trânsito de Ciudad del Este flui – ou não – de acordo com a propina. Não é tráfego, é propinoduto.
Que o diga uma leitora do Não Viu?, que tem negócios em Ciudad del Este e enfrenta diariamente “esta polícia corrupta”, como escreveu, revoltada. Escreveu e fez um vídeo.
Pois é, aqui no Não Viu? publicamos recentemente que a mudança no comando do trânsito da cidade paraguaia tinha resolvido o problema, mas não é bem verdade.
Está tudo como sempre foi: os próprios guardas de trânsito continuam sendo os principais responsáveis pelos colossais engarrafamentos.
No vídeo, não aparece dinheiro na jogada, mas fica claro que alguns “privilegiados” têm acesso à Ponte da Amizade por vias transversais à principal, enquanto outros têm que voltar pra fila.
Como diz a leitora, que pediu para não ser identificada, “os guardas manipulam o trânsito e provocam o caos. O engarrafamento é imenso justamente onde eles estão. Depois de muito observar, vi que, quando não há guardas, o trânsito flui normalmente”.
Ela diz que às vezes, depois de reclamar com os guardas, eles acabam liberando sua passagem. No vídeo, o guarda foi irredutível.
Mas, enquanto aguardava na engarrafada via principal, ela pôde observar que, meia hora depois, o guarda de trânsito tinha sumido do local. E o trânsito fluía por ali.
Confira o vídeo que ela fez em que, ao fundo, os carros vão sendo liberados pelo guarda, tanto vans como particulares. Ela foi parada, por algum misterioso critério. E os outros? “Pedidos”, disse o guarda.
Nenhuma argumentação adiantou. Ela teve que seguir pra fila na avenida principal.
Ah, sim, o vídeo original era contínuo e muito “pesado” para o blog. Tivemos que dividir em dois e enxugar o máximo possível. O importante era passar o problema.