A denúncia do Vanguardia, de que agentes de trânsito provocam engarrafamentos na rodovia que dá acesso à Ponte da Amizade pra facilitar a cobrança de propinas, repercutiu não só em Ciudad del Este como em Foz do Iguaçu, onde foi republicada por este blog.
Na edição desta sexta, 15, o Vanguardia diz que dezenas de leitores confirmaram que o esquema de arrecadação de propinas “continua funcionando à perfeição”. Um dos leitores, Juan Gabriel Müller Pereira, criticou o governo municipal – “uma vergonha” – e lamentou que “ninguém faz nada” (contra isso).
Ronny Milciades Saucedo disse que isso “continuará sempre (assim), lamentavelmente. Ir a Foz é um caos, porque eles fazem com que o trânsito congestione, porque estão ali só para encher os bolsos”.
O Vanguardia explicou, em mais detalhes, como funciona o esquema. Pra chegar à Ponte da Amizade, de Ciudad del Este, o único acesso oficialmente habilitado é a rodovia internacional. Não é permitido o acesso pelas ruas e avenidas paralelas, onde ficam postados agentes de trânsito, que impedem a passagem dos veículos.
Na rodovia internacional, o “infernal engarrafamento” se forma porque agentes de trânsito detêm o tráfego, por qualquer motivo.
Depois que a fila de veículos fica praticamente estática, começa a ação dos “guias de turismo”, que abordam os motoristas oferecendo-se para levá-los por caminhos alternativos, mediante pagamento de propina.
E o que acontece, depois, é que quem paga propina consegue acesso à Ponte da Amizade pelas ruas e avenidas paralelas, rapidamente. O guia conversa com o guarda, que libera a passagem. Depois, às escondidas, todos se acertam e saem felizes.
Flanelinhas ameaçadores
Tem mais uma situação, que o Vanguardia não abordou, mas foi relatada por Cintia Ortíz, no grupo de Facebook Elogios e Reclamações de Foz do Iguaçu.
Ela contou – e o caso dela não é novidade pra muita gente – que estava no carro com o marido, num desses engarrafamentos provocados por agentes de trânsito. Chegou então um flanelinha.
Ele fez aquela limpeza básica no para-brisa e abordou o motorista, pedindo dinheiro. Mesmo a contragosto, o motorista lhe deu umas moedas. Mas o flanelinha queria mais. Ante a negativa, foi para trás do carro, bateu no vidro e começou a limpar de novo. Voltou e pediu R$ 10.
Com a nova negativa, o flanelinha fez ameaças, dizendo que riscaria o carro e quebraria o vidro. O motorista resistiu. Aí, ele voltou com um colega e exigiu R$ 20 pra cada um. A ameaça foi mais grave: disse que esperariam em outro ponto “e pegariam a gente”, como diz Cíntia.
As ameaças aumentaram e o marido cedeu. Os dois flanelinhas achacadores saíram com R$ 20 cada um.
É de se pensar: o engarrafamento criado artificialmente gera propinas pra conduzir motoristas e facilita também a ação de bandidos travestidos de flanelinhas. Será que não há também algum acerto neste caso?