Com os burros n’água
*Por Carlos Roberto Oliveira
Manhã de uma quarta-feira modorrenta de março, e para não fugir à regra do convencionalismo social, ao se dirigir ao balcão onde estava a pessoa que o iria atender, indispensável o bom dia a quem o recebia.
E a contrapartida, na forma de um sorriso amplo realçou um piercing no lábio inferior, cuja curiosidade em perguntar obviamente se perdeu na vontade.
À medida que a conversa se desenvolvia, porém, e percebendo ser aquela jovem simpática receptiva a um diálogo menos engessado, e sem ir direto a satisfazer sua curiosidade, comentou sutilmente que o adorno representado por um piercing se harmonizava com sua espontaneidade, tornando-a mais coerente com sua personalidade.
Já com uma liberdade maior, e sem qualquer aparente intenção outra, perguntou-lhe se além do trabalho, estudava, e a jovem respondeu que sim, que trabalhava e estudava, psicologia era seu curso.
Pressentindo que a conversa se prolongava, antecipou-se a jovem em dar um basta na mesma, e direta disse, senhor, preciso atender uma outra pessoa, se me permite fazê-lo, agradeço.
Sem mais argumento, e mantendo o bom humor, resmungou, aonde fui me meter, se não entendo nada de piercing e a garota cursa psicologia.
*Carlos Roberto de Oliveira é empresário do ramo de logística em Foz do Iguaçu