Temos a oportunidade de tomar decisões individuais que vão afetar a vidas de todas as pessoas. Essa foi a mensagem passada pelo climatologista Paulo Nobre, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe), que proferiu uma palestra, na manhã desta sexta-feira (22), no Cineteatro dos Barrageiros, na Itaipu Binacional.
A apresentação faz parte das atividades da Divisão de Educação Ambiental de Itaipu, em celebração ao Dia Mundial da Água, comemorado neste 22 de abril. Este ano, a empresa abordou o tema “A água nos une, o clima nos move”, proposto nacionalmente pela Agência Nacional de Águas (ANA).
Já na entrada do Cineteatro, um portal trazia a mensagem “Somos gotas, mas juntos fazemos chover”, mostrando que cada um é responsável pelas mudanças de atitudes. Antes da palestra, os convidados acompanharam uma apresentação cultural do projeto “Fenda”, do instrumentista Sergio Copetti, com canções que abordam temas da natureza.
Segundo ele, ondas de calor e tempestades tropicais, como as que já afetam Foz do Iguaçu, serão cada vez mais comuns
Ações individuais
Em sua palestra, Paulo Nobre fez um panorama sobre o impacto das ações do ser humano no clima do planeta, criando uma nova era geológica, o Antropoceno. Segundo ele, ondas de calor e tempestades tropicais, como as que já afetam Foz do Iguaçu, serão cada vez mais comuns.
“Em 2004, uma pessoa jamais imaginaria que em dez anos o sistema da Cantareira, em São Paulo, sofreria uma seca terrível. Em 2014, não imaginaríamos que seria possível atravessar o Rio Solimões a pé. Hoje, em 2024, o que vocês imaginam ser impossível para a próxima década”, provocou.
Os dados alarmantes de anos de estudos do Inpe, como integrante do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), mostram os efeitos das mudanças climáticas no aumento da temperatura e, principalmente, na dinâmica da natureza afetando os serviços ambientais.
Como exemplo, Paulo Nobre explicou o conceito de “rios voadores”, ou seja, a formação de nuvens pela Floresta Amazônica que permite as chuvas nas regiões Sul e Sudeste do País. “Aqui mesmo, em Foz do Iguaçu, as árvores do Parque Nacional do Iguaçu fazem o mesmo serviço”, disse. Segundo ele, seriam necessárias quatro usinas hidrelétricas de Itaipu produzindo em carga máxima para gerar a energia necessária para evaporar a quantidade de água que as árvores do PNI evaporam diariamente.
Como mensagem final, Paulo Nobre sugere que cada um reflita nas suas ações individuais, privilegiando o produto local e orgânico, separando resíduos sólidos, levando o conhecimento para os mais jovens, plantando árvores. “Mudanças globais começam por atitudes locais. O futuro está sendo feito agora”, concluiu, emocionado.