O livro sobre a biografia de Euclides Scalco, considerado um dos políticos mais importantes e influentes do Paraná, que traça a sua história desde a infância até os dias atuais, é repleto de informações, de bastidores e públicas, sobre o Paraná e o Brasil, incluindo a época do regime militar e a Constituição de 1988, principalmente.
Mas, o que chama muito a atenção foi a atuação de Scalco, então diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, na compra das duas últimas unidades geradoras da usina.
Segundo o livro “Euclides Scalco, o homem, seu tempo e sua história”, de Marcos Antonio Bastiani, as duas últimas turbinas da Itaipu foram o maior desafio que Scalco enfrentou para a consolidação da usina.
Em síntese ocorreu o seguinte, segundo foi relatado por Bastiani:
- Itaipu foi projetada para 20 turbinas de geração de energia e, quando Scalco assumiu, faltavam ser instaladas as últimas duas;
- O pessoal da área técnica incumbiu-se de realizar estudos para a aquisição;
- O valor histórico das que já estavam implantadas situava-se na faixa de 300 milhões de dólares;
- Houve pressão (o livro não conta de quem) para que fosse realizada a compra nos moldes da Lei das Licitações, que permite variações de preço de 20%, em contratações diretas, na hipótese de serem necessários aditivos. Ou seja, o valor poderia chegar a 360 milhões de dólares com esses (manjados?) aditivos;
- Porém, contrariando essas pressões, Scalco determinou que fosse feita outra licitação, mas com a participação das empresas Alston e GE, além da Siemens, que havia fornecido as outras 18 turbinas para a usina;
- Resultado: houve a disputa, a Siemens foi a vencedora, mas as duas turbinas custaram 182 milhões de dólares, em vez dos 300 milhões de dólares previstos, o que gerou uma economia de 120 milhões para o Brasil.
Essa é apenas uma pequena parte das revelações de Scalco.
Existem muitas outras, como as desavenças com Fernando Henrique Cardoso, por causa de Álvaro Dias, a relutância de Scalco em assumir a direção de Itaipu, a morte do jornalista Hélio Teixeira, e por aí vai, que não têm como ser abordadas neste curto espaço.
Mas, com certeza, o Não Viu? voltará a falar sobre o livro em breves capítulos.