Crise argentina leva à bancarrota até as empresas mais sólidas

Roberto Fiadone\Wikipedia

A multinacional Arcor, que tem fábricas no Brasil e é o grupo argentino com a maior quantidade de mercados abertos no mundo, começa a sentir o golpe da crise no país vizinho, segundo o portal La Politica Online.

Ela segue os passos da Alpargatas Argentina, que está fechando suas fábricas na Argentina por falta de compradores. Era líder do mercado em vendas de calçados, mas passou a ter queda contínua nas vendas.

A história da Alpargatas é curiosa e merece um capítulo à parte, no final do texto.

Quanto à Arcor, em setembro ela registrou prejuízo superior a 6 bilhões de pesos, e está a um passo de iniciar um processo de reestruturação dos passivos. Doze meses atrás, teve lucro de mais de 1 bilhão de pesos.

Como muitas empresas do setor alimentício, a Arcor foi prejudicada pela queda de vendas de artigos de consumo de massa.

A Arcor tem fábricas no Brasil, México, Chile e Peru, além da própria Argentina. O problema é que o mercado argentino, para a matriz, representa mais de 70% das vendas, e é esse mercado que agora reduziu drasticamente as compras.

Pior, a empresa tinha feito empréstimo em dólares para investir na Argentina. Com a desvalorização do dólar e a queda nas vendas, ficou endividada e meio sem saída.

A Alpargatas

Já o caso da Alpargatas é sui generis. Ela nasceu argentina, em 1885, e já em 1907 abriu uma filial em Brasil, em associação com uma indústria inglesa.

Na década de 1930, o controle acionário da São Paulo Alpargatas foi transferido para a Alpargatas argentina.

No entanto, em 1982, após um gradativo processo de nacionalização do capital iniciado em 1948, a São Paulo Alpargatas deixou de ter participação argentina e passou para o controle do Grupo Camargo Corrêa, seu maior acionista.

Superando inúmeras dificuldades ao longo dos cem anos, a companhia tornou-se uma das maiores indústrias calçadistas do Brasil.

Em 2013, a Alpargatas brasileira comprou o controle total da subsidiária argentina.

A empresa, no Brasil e na Argentina, foi vendida em 2015 para o conglomerado J&F Investimentos, aquele dos irmãos Joesley e Wesley, de triste lembrança.

E, em 2017, o grupo J&F vendeu a Alpargatas para as empresas Cambhy Investimentos e Brasil Warrant.

Por aqui, a situação da Alpargatas está boa. Mas o fechamento de fábricas na Argentina está sendo muito lamentado, pela perda de empregos e porque mostra como o país está mal, quase no rumo da Venezuela.

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