Os argentinos, em crise, se debatem para achar soluções, às vezes nada criativas. Como para manter o preço do pão congelado.
Na próxima segunda-feira, 24, será lançado em Puerto Iguazú o programa da província de Misiones chamado “Ahora Pan” (agora pão).
O programa é resultado de um acordo firmado entre o governo de Misiones e o Centro da Indústria de Panificação da província, para manter o preço do pão francês em 50 pesos o quilo durante 90 dias. Em troca, os empresários receberão um desconto entre 35% e 50% na tarifa de energia elétrica, baseado no consumo.
O preço do pão francês argentino ficaria, portanto, o equivalente a R$ 5,34, ao câmbio atual. No Brasil, gira em torno de R$ 13, mas vale lembrar que a maior parte do trigo utilizado no País é importada, com preços em alta por causa do dólar – e a maior parte vem da própria Argentina.
O problema desta “solução” de Misiones é que alguém irá pagar pelo desconto em energia elétrica, o que torna o acordo apenas um paliativo, o que já vimos – e continuamos vendo – em vários setores aqui no Brasil. Uma hora a conta chega.
Custo de vida
O grande problema da Argentina é que a inflação está corroendo a renda dos habitantes. Só em agosto, a cesta básica total aumentou 3,5% em relação a julho, conforme o Indec, instituto oficial do governo argentino.
Para cobrir o custo da cesta básica, uma família argentina precisaria ter, em agosto, uma renda mensal de no mínimo 20.868,93 pesos, ou cerca de R$ 2.230, duas vezes o salário mínimo do país (de R$ 10.700 em setembro, ou o equivalente a R$ 1.140).
No Brasil é pior
Ainda assim, a situação dos argentinos – por incrível que pareça! – está melhor que a dos brasileiros. Segundo o Dieese – Departamento Intersindical de Estudos Estatísticos e Socioeconômicos, em setembro uma família brasileira precisaria de no mínimo R$ 3.636,04 para se manter, baseado na cesta mais cara.
Isso equivale a 3,81 vezes o salário mínimo atual, de R$ 954.50. Isto é, o salário mínimo brasileiro é mais baixo que o argentino (que despencou nos últimos anos) e o custo de vida é mais alto.
Chorem por nós, argentinos. Ou melhor, choremos uns pelos outros.