Da cela em Assunção, Marcelo Piloto chamava “visitantes” pelo celular. Inclusive a que matou

Careca e de uniforme: Marcelo Piloto está isolado na penitenciária de Catanduvas. Foto: Divulgação

Preso desde segunda, 19, na penitenciária de segurança máxima de Catanduvas, no Paraná, o traficante carioca Marcelo Piloto vai responder aqui mesmo no Brasil pelo crime que cometeu enquanto estava na cadeia da Polícia Nacional do Paraguai, em Assunção.

Matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo explica que o Ministério Público Federal do Brasil atuará no caso da morte de Lidia Meza Burgos, de 18 anos, conforme entendimentos que preveem a instauração de procedimento criminal tendo como base as informações enviadas pelo Ministério Público do país de onde o acusado veio.

As autoridades paraguaias estão coletando provas e depoimentos de testemunhas que incriminem Piloto no assassinato da jovem, morta na cela dele com uma pequena faca usada como talher.

Os gritos

Ontem, 21, promotores de justiça de Assunção, do escritório especializado na luta contra o tráfico e o crime organizado, estiveram na cela onde Marcelo Piloto ficou, na Agrupación Especializada, para verificar se os gritos de Lidia, ao ser esfaqueada, seriam ou não ouvidos pelos seis guardas de plantão, segundo o jornal ABC Color.

Os testes praticamente confirmaram o que os guardas disseram, que não ouviram nada, até serem chamados por Piloto, que lhes disse ter brigado com a jovem. Ela recebeu várias perfurações e estava com a faca ainda cravada na garganta.

Pelo celular

Segundo os promotores, Marcelo Piloto tinha em sua cela um celular com conexão à internet, munido de cinco chipes. Nas últimas semanas, informa o jornal ABC Color, ele foi um “assíduo cliente” de prostitutas, que escolhia por meio de um aplicativo e depois as contatava diretamente.

Na análise dos telefonemas, foi encontrada uma conversa que ele manteve no sábado (17) de manhã com uma das garotas que o visitavam regularmente. Ele pediu à jovem que o visitasse, em troca de “um lindo presente”.

Escapou da morte

Quando a jovem  já estava chegando à prisão, em um táxi, ele cancelou o encontro porque não tinha dinheiro.

O traficante conseguiu dinheiro quando seu advogado o visitou, e então ele telefonou para Lidia Meza Burgos, a quem também prometeu um lindo presente. Ela chegou ao local logo depois que Piloto tinha almoçado.

Lidia foi vítima de assassinato porque Marcelo Piloto queria sofrer um novo processo para permanecer no Paraguai e não ser extraditado ao Brasil, onde o aguardava uma longa pena por crimes já julgados.

Apoio ao PCC

Embora seja considerado líder do Comando Vermelho no Paraguai, Marcelo Piloto é suspeito de ter dado apoio logístico ao Primeiro Comando da Capital (PCC) no mega-assalto à transportadora Prosegur, em Ciudad del Este, segundo policiais federais que atuam em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul (informação publicada no jornal carioca Extra).

Segundo os policiais, o traficante forneceu parte dos fuzis, da munição e dos explosivos usados na ação. Na madrugada do dia 24 de abril de 2017, cerca de 40 assaltantes participaram do roubo de mais de US$ 11,7 milhões (cerca de R$ 43,9 milhões) da transportadora de valores.

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