Decisão judicial obriga Itaipu a reintegrar empregada perseguida durante o regime militar

Ela deveria ter sido reintegrada ao quadro de empregados em 2017, mas Itaipu recorreu da decisão, que só foi acatada agora

Aos 78 anos, ela voltou a trabalhar na usina. Foto: Rafa Kondlatch/ Itaipu Binacional

A Itaipu Binacional reintegrou ao quadro de empregados da empresa, nesta segunda-feira (10), a tradutora e secretária bilíngue Sonia Lúcia Castanheira demitida em fevereiro de 1977, “sob suspeita de atividades subversivas”, por ordens do governo brasileiro da época, comandado pelo general João Baptista Figueiredo.

A reparação chega quase cinco décadas após a demissão da profissional.

Além de sua reintegração, Sonia também receberá uma indenização da empresa e terá direito aos benefícios oferecidos por ela, como assistência média e odontológica.

“Fui demitida sem saber se havia cometido algum erro, se era pelo meu desempenho. Somente em 2009, com a abertura dos arquivos da ditadura militar, descobri que a causa era política”, declarou.

 

“Eu não era a favor da ditadura, mas nunca participei de nenhuma atividade contrária ao governo”, afirma.

Sonia acredita que uma das razões para a sua perseguição política tenha sido o fato de ter morado no Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (USP), conhecido como Crusp, precisamente em 1965. Naquele ano, o movimento estudantil promoveu uma greve no alojamento, em protesto ao aumento do preço das refeições e da moradia. “Fizeram um dossiê sobre mim, no qual constava que eu era moradora do Crusp”.

Em 2012, ela entrou com uma ação trabalhista na 1ª Vara do Trabalho de Foz do Iguaçu, buscando o reconhecimento de seu vínculo empregatício.

 

A sentença favorável à autora foi concedida em 2017 pela juíza do Trabalho Erica Yumi Okimura. Na ocasião, como de praxe em ações trabalhistas, Itaipu recorreu da decisão, mas agora acata a determinação judicial.

Com informações da IB

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