Descobrindo-se…

Faltou-lhe, tão somente, o aprendizado de como dimensionar a ação do tempo, pois exagerara no desapego e optara, sempre, pelo deslumbramento

Foto ilustrativa: Pixabay

Descobrindo-se …

Sentindo-se como se ontem fosse, Ju, como era conhecida Juvelina, uma mulher que insistia em viver uma outra época e que, convicta, custava acreditar que o tempo havia passado e com ele suas fantasias, resistia.

Em seu imaginário, carregava consigo aquele mesmo comportamento de quando expunha, em tempos passados, uma sensualidade que se insinuava e que inexoravelmente terminava, à sua maneira, em uma tentativa de ser feliz.

Faltou-lhe, tão somente, o aprendizado de como dimensionar a ação do tempo, pois exagerara no desapego e optara, sempre, pelo deslumbramento.

Embora coerente com sua visão de mundo, de nada lhe adiantou aquele seu egoísmo, pois com um corpo já desgastado e carente de viço, claramente demonstrava não uma capacidade de deslumbrar e, sim, um estado de carência afetiva determinado pela sensação de marginalização.

Por assim se sentir, e já não podendo mais contar com a cumplicidade marota de quem, em tempos outros, e de forma efusiva, ao se encontrarem, se manifestavam com a expressão ufanista “Amiga!”, agora só parecia ouvir um lacônico questionamento: valeu a pena?

Como sempre optara pela praticidade em suas ações, não foi diferente sua reação naquele momento de uma certa angústia, quando então, fugindo do arrimo da alienação para se sustentar emocionalmente, entendeu que o importante seria assumir sua identidade e tentar começar a ser Juvelina, e não mais “Ju”.

Carlos Roberto de Oliveira é empresário do ramo de logística em Foz

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