Despedida silenciosa

Aquela aparente tranquilidade, contudo, transmitia uma sensação de melancolia...

Despedida silenciosa…

*Carlos Roberto Oliveira

Da varanda de sua casa, acomodada em uma cadeira apropriada, aquela velha senhora, com movimentos leves e delicados, punha-se a ler um livro de Agatha Christie, a “Casa Torta”.

Próximo dela, deitado no assoalho, mas atento, Rex, seu cachorro e companheiro que tão logo por ela chamado, mesmo aos sussurros, logo se levantava abanando o rabo como que a demonstrar alegria.

A cena, bucólica, e digna de uma obra impressionista, era complementada pela atividade de um jardineiro a cuidar das flores e pequenos arbustos que compunham o conjunto do jardim da residência, onde as cores verde, amarelo, branco e rosa se confundiam.

Aquela aparente tranquilidade, contudo, transmitia uma sensação de melancolia, cujo silêncio, exasperante, sugeria algo como a solidão pelo esquecimento.

E não era o dia final de uma tarde de domingo e, sim, uma manhã de sábado que recém estava começando, com tudo de bom por esperar.

Estendendo seu olhar na busca do pintassilgo de cabeça e pescoço amarelo cujo gorjeio a encantava, aquela velha senhora, de repente, fechou os olhos como que adormecendo e … se esqueceu de acordar.

Carlos Roberto de Oliveira é empresário do ramo de logística em Foz do Iguaçu

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