Doente pra ensinar, a vida dura do professor

Imagem: Pixabay

Vida de professor não é fácil: salas cheias, alunos com disfunções de aprendizado e sem diagnóstico adequado; pressão dos pais e da comunidade escolar. Resultado? Estresse. E doenças.

É isto o que mostra pesquisa com os professores de Foz do Iguaçu. Na verdade, a pesquisa foi feita com 1.766 servidores em geral, mas, desse total, 1.000 eram professores. Quatro em cada dez entrevistados relataram distúrbios físicos e emocionais.

A diretora de Saúde Ocupacional do município, Solange de Freitas, diz que foi a maior pesquisa realizada na área, nos últimos 20 anos. A sondagem, pela Internet, via Portal do Servidor, durou cerca de 20 dias, entre setembro e outubro.

A estimativa da Diretoria de Saúde Ocupacional é que haja, em média, 100 professores em readequação – quando as funções que exercem são limitadas em razão de problemas de saúde.

Além disso, de um total de 150 servidores afastados, aproximadamente 60 são professores. De acordo com a diretora, “os professores representam porcentagem expressiva entre os servidores em readequação e afastados, porque também formam o maior grupo no quadro de funcionários públicos municipais”.

Sem surpresa


A presidente do Sindicato dos Professores e Profissionais da Educação da Rede Pública Municipal de Foz (SInprefi), Maria Rice, não ficou surpresa com os resultados da pesquisa: “Os números comprovam o que estamos acostumados a perceber no dia a dia de trabalho no sindicato”, afirma.

A assessoria de imprensa do Sinprefi ouviu uma professora que está em fase de readaptação funcional. Sem revelar o nome, ela diz que, dez anos atrás, sentiu os primeiros sintomas de depressão.

“Estava impaciente para lidar com atividades corriqueiras e repetitivas de sala de aula, como explicar novamente um conteúdo a um aluno. Também tinha dificuldade em planejar as aulas. Eram tantas prioridades e necessidades que eu não conseguia determinar qual conteúdo era mais importante. Isso gerava muita ansiedade e contribuiu para o agravamento da doença,” conta.

A professora ficou mais de três anos afastada e agora está em readaptação. “Dói muito aceitar essa condição atual. Ainda não consigo ficar muito tempo perto das crianças na hora do recreio. Vou entrando em pânico. Mas consigo atender individualmente, em local calmo. Estou aprendendo a conviver com minhas limitações, buscando melhorar minha condição, mas sem exigir de mim o que ainda não posso fazer pelos alunos”.

A professora faz tratamento pela rede pública, com psicoterapia e rodas de terapia em grupo. E reconhece que, hoje, “há mais compreensão por parte de coordenadores e diretores. Há mais informação sobre essa doença. Quando apresentei os primeiros sintomas, muitos diziam que se tratava de preguiça de trabalhar. Evitava até de sair de casa, para não ser julgada. Ia ao mercado só quando precisava muito,” relembra.

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