A alta do dólar agrava a crise no Brasil e na Argentina e deixa o Paraguai à beira de um ataque de nervos, já que depende muito da situação econômica dos dois vizinhos.
O turismo de compras no Paraguai, tanto de brasileiros como de argentinos, está despencando. Economistas paraguaios já anteveem uma situação extrema: que Clorinda seja procurada pela população paraguaia.
Clorinda é a cidade argentina que faz fronteira com o Paraguai, a apenas 40 quilômetros de Assunção. Já houve períodos de grande afluxo de paraguaios a Clorinda, o que pode acontecer daqui pra frente.
Pra complicar, além do dólar nas alturas, o Brasil reforçou ainda mais o policiamento nas áreas de fronteira com o Paraguai e a Argentina. Já havia a Operação Muralha, em Foz do Iguaçu.
Agora, começou a Operação de Esforço Integrado, que só no Paraná conta com 200 pontos de fiscalização ao longo de 208 quilômetros de fronteira com os países vizinhos, o que vai deixar ainda mais arredios os compristas, já assustados com a alta dos preços no Paraguai, mesmo com esforço dos comerciantes para segurar o dólar.
O economista paraguaio Manuel Ferreira, lembrando que o dólar na Argentina se valorizou 42,7% este ano, é quem faz o alerta: “Hoje esses consumidores (referia-se aos argentinos) já não têm nenhum incentivo, e não será de admirar que, como vimos há alguns anos, a situação se inverta, fazendo com que paraguaios voltem a cruzar para Clorinda para comprar”.
No Brasil, a queda do real já chega a 12%, mesmo com seguidas intervenções do Banco Central, o que também reduz o poder de compra dos brasileiros.
Ferreira diz que a redução do turismo de compras não afeta apenas as vendas nas lojas, mas também os serviços (hotéis, restaurantes, transportes, combustíveis e outros), o que também terá impacto negativo sobre os empregos.
Mesmo a intervenção do Banco Central argentino e a injeção de recursos por parte do FMI não garantem que a cotação do dólar vá se estabilizar. Por isso, é preciso “apostar muito fortemente no consumo local”, recomendou. Nos supermercados, já há uma queda de 6% nas vendas em relação a 2017.
Outro economista diz que sua preocupação é com o aumento da entrada ilegal de produtos no Paraguai. A porosidade das fronteiras e o dólar alto nos países vizinhos pode incrementar o contrabando.
Fontes: Última Hora, ABC Color e AEN