Pobres argentinos! Pela cotação de quinta (30), eles precisam de 9,70 pesos para comprar R$ 1. E de 40,55 pesos para comprar US$ 1.
Isso já se reflete aqui na fronteira, claro. No Dutty Free, por exemplo, o fluxo de visitantes argentinos despencou. E, em Puerto Iguazú, a crise provoca cada vez mais dificuldades para os comerciantes, que ainda competem com os de Foz do Iguaçu (aqui, a relativa estabilidade de preços atrai compradores tanto de Puerto Iguazú quanto de Ciudad del Este).
A desvalorização brutal da moeda argentina (só ontem o dólar subiu quase 15%) reflete a falta de confiança no plano econômico do governo, que depende de empréstimos do Fundo Monetário Internacional para estabilizar o mercado, cada vez mais furioso.
Com déficit comercial e em recessão, a Argentina está quase na UTI, precisando urgentemente que retorne o fluxo de investimentos externos.
Para isso, o governo aumentou a taxa de juros de 45% para 60% ao ano, na tentativa de segurar o colapso do peso, e elevou em cinco pontos percentuais a taxa de compulsório para bancos privados.
Pra comparar, a taxa do Brasil é de 6,5% ao ano, graças à inflação baixa (a inflação da Argentina é de 40% ao ano). No mais, estamos só um pouco melhores que os argentinos.
O acerto da Argentina com o FMI é de um empréstimo de US$ 50 bilhões, desde que o governo se comprometa a reduzir seu déficit a 1,3% do Produto Interno Bruto em 2019.
Vai ser difícil! Pior, vai ser mais um sacrifício para os argentinos, porque a redução do déficit implicará em menos investimentos do governo federal, o que se traduz em mais desemprego e recessão.
Quando o presidente Maurício Macri assumiu, parecia que vinha com soluções para a já histórica crise argentina, que vive na gangorra de anos razoáveis com anos terríveis na economia. A gangorra pende agora para o pior.
O governo não conseguiu segurar a inflação, não ganhou confiança dos investidores, os produtos argentinos perderam competitividade e, ainda por cima, uma seca histórica reduziu a produção de grãos.