Lembra daquele hotel-cassino em Ciudad del Este que seria o primeiro Hard Rock Hotel e Cassino da América do Sul?
Pois é, deu em nada. Primeiro, porque seria erguido num terreno público (da Administração Nacional de Navegação e Portos), pertinho da Ponte da Amizade. Houve protestos e o plano gorou.
Agora, o ABC Color noticia que o empresário americano Simón Falic, presidente da Dutty Free America, líder do grupo de investidores que pretendia viabilizar o projeto, tinha estreitas relações com o “doleiro dos doleiros” Darío Messer, procurado pela Interpol a pedido da polícia brasileira.
Segundo o jornal, ninguém entendia porque Messer aparecia nas reuniões do “entorno cartista”, até que o próprio presidente confirmou que ele era “su hermano de alma”.
O ABC Color conta que, um mês depois de assumir (agosto de 2013), Cartes já procurou conseguir a cidadania paraguaia de Messer (vale lembrar, ele é brasileiro).
Em outubro, o doleiro já fez parte da comitiva oficial do Paraguai a Israel, encabeçada por Gustavo Leite, ministro de Indústria e Comércio, da qual também fazia parte o governador de Alto Paraná, Justo Zacarías Irún (eleito deputado este ano).
Em Israel, a comitiva paraguaia participou de uma ceia oferecida por Simón Falic e sua esposa.
Na volta, da viagem, Justo Zacarías Irún já anunciou à imprensa o projeto do hotel-cassino, que seria construído sobre 11 hectares de terras públicas.
Em novembro, o ministro Gustavo Leite apresentou Simón Falic em entrevista coletiva à imprensa.
Em novembro do ano seguinte, prossegue o ABC Color, numa “foto para a posteridade” feita na casa de Javier Zacarías e Sandra McLeod (prefeita de Ciudad del Estee esposa dele), aparece Darío Messer, Simón Falic, os irmãos Zacarías Irún, Sandra McLeod, o conselheiro de Yacyretá (foi ele que ajudou Simón Falic a abrir empresas no Paraguai, pra viabilizar o hotel-cassino), Emilio Tiky Cubas, Alberto Rodríguez, Elio Cabral e outros.
No dia seguinte, Simón Falic foi levado ao Palácio de López (sede da presidência) por Gustavo Leite para ser fotografado ao lado do presidente Horacio Cartes. Falic esteve duas vezes no Palácio, em janeiro de 2015 e em novembro daquele ano, para verificar o andamento do projeto do hotel-cassino.
O projeto do hotel-cassino foi abandonado depois de protestos de funcionários da Administração Nacional de Navegação e Portos, de sindicalistas, estudantes e até de políticos.
A Lava-Jato brasileira provoca estragos também no Paraguai. Ao menos na reputação de alguns políticos bem graduados.