E o pedestre, onde fica?

Por que, antes mesmo de colocar o asfalto, não foi resolvido o problema da calçada interrompida? Sem contar o canteiro central quase inexistente.

 

O projeto de duplicação da Avenida Felipe Wandscheer, das pranchetas à execução, é simplesmente trágico. O pedestre foi solenemente ignorado.

Nesta fase de obras, já quase nos finalmentes, não há qualquer preocupação com a segurança de quem transita a pé nos trechos em que a calçada está interrompida, disputando espaço com motoristas ansiosos e neuróticos.

O mesmo acontece com os ciclistas. A ciclovia já não é nenhuma maravilha, mas com trechos também interrompidos, andar sobre duas rodas ganha contornos de aventura perigosa.

O trecho problemático fica entre as ruas Harry Shinke e Francisco Racki, onde o pedestre se depara com barreiras no lugar de calçadas.

Mas, na verdade, a avenida em toda a extensão da pista duplicada não foi pensada pra atender o pedestre. O canteiro central é minúsculo e exige certo equilíbrio pra ficar sobre ele ao atravessar de um lado a outro.

Avenida dos postes. Que paisagem turística! O canteiro central é tão estreito que não será possível plantar nem arbusto. Algumas flores, talvez

O projeto, na verdade, é uma tristeza. A duplicação vai permitir aquilo pra que foi “planejada”, dar vazão ao tráfego de veículos. Mas, com aquele canteiro central e aquela floresta de postes, a feiura está instalada na ‘avenida dos postes’.

E não há árvores, há só postes. E não há jardins, há concreto e asfalto.

É tarde pra abandonar o projeto. Tem mais é que concluir e, mais pra frente, quem sabe, achar uma solução um pouco mais decente, que atenda inclusive ao que prevê o Plano de Mobilidade de Foz do Iguaçu – MobiFoz, desenvolvido em parceria entre o Parque Tecnológico Itaipu e a Prefeitura,

O plano (será que vai mesmo ser aplicado?) trabalha com uma pirâmide invertida, em que o pedestre está no topo, é o que deve ser pensado antes de tudo.

Logo abaixo, vem o ciclista, depois o motociclista e na sequência o transporte público e o transporte de cargas. Lá embaixo, carros e motos particulares.

É assim mesmo que se deve pensar a cidade, em que a prioridade básica é o que todos somos, pedestres. Satisfeita essa premissa, parte-se pras demais.

Pena que o MobiFoz é ainda só um plano na gaveta. Porque os tecnocratas de plantão sempre “desinvertem” a pirâmide, preocupando-se com o escoamento do cada vez maior volume de carros particulares.

Sair da versão mobile