Eletrovia, para abastecer carros elétricos, vai ligar Foz do Iguaçu a Paranaguá

O governador e o presidente da Copel, Antonio Guetter, inauguram o eletroposto de Curitiba. Foto: Orlando Kissner/ANPr

O problema dos carros elétricos é a autonomia, que não passa de 200 km. Quer dizer, não dá pra ir de Foz do Iguaçu a Curitiba; aliás, nem a Guarapuava. Mas este problema vai acabar.

O governo do Estado anunciou hoje, 27, a primeira eletrovia do Brasil, que vai cortar todo o Paraná, de Foz do Iguaçu a Paranaguá, no Litoral.

Os dois primeiros, dos oito eletropostos do trajeto, entram em fase de testes em Curitiba e Paranaguá, e inicialmente farão recarga gratuita de carros elétricos.

Já quase fora do governo, para se candidatar ao Senado, o governador Beto Richa disse que a Copel dá exemplo ao Brasil ao impulsionar o uso de energia limpa e mais barata. “É uma tendência mundial. A troca de automóveis convencionais por elétricos é uma importante transformação tecnológica do sistema energético”, disse o governador.

“A troca de carros convencionais pelos elétricos vai transformar o setor de mobilidade e a Copel pretende oferecer uma rede de energia robusta e inteligente para essa mudança”, explicou o presidente da estatal, Antonio Sergio Guetter. Ele avalia que a iniciativa do Paraná abre espaço para o desenvolvimento dos carros elétricos no País.

“Nós identificamos três grandes tendências. A primeira é a inovação tecnológica dos carros elétricos, a segunda é a mudança do comportamento do consumidor, que pretende ter domínio sobre seus custos de energia e dos insumos que utiliza, e a terceira o esforço internacional para reduzir as emissões de carbono”, disse.

Parceria com Itaipu

O projeto da eletrovia é uma parceria entre a Copel e a Itaipu Binacional. Vale lembrar que Itaipu é pioneira na produção de carros elétricos, em parceria com montadoras e outras instituições.

O investimento inicial, realizado pela Copel, é de R$ 5,5 milhões. Tanto eletroposto de Curitiba como o instalado no Litoral começam a funcionar nesta terça-feira.

Ainda neste ano serão instalados eletropostos em Foz do Iguaçu, Medianeira, Cascavel, Laranjeiras do Sul, Guarapuava e Irati. A autonomia dos carros elétricos é em torno de 150 quilômetros e as unidades foram projetadas para ficar a cerca de 100 quilômetros de distância uma da outra.

Como o setor ainda não está regulamentado pela Aneel, a iniciativa está no âmbito da pesquisa e por isso não há cobrança dos usuários, explica o diretor-geral de Itaipu, Luiz Fernando Viana. “Ainda não há estimativa de custo, mas provavelmente será o custo de energia de um consumidor de baixa tensão”, afirma.

Potência

Cada eletroposto terá 50 kVA (kilovoltampere) de potência – o equivalente a dez chuveiros elétricos ligados ao mesmo tempo – e três tipos de conectores, próprios para atender os modelos de carros elétricos ou híbridos disponíveis no Brasil.

As estações serão todas de carga rápida e gratuita: levará entre meia e uma hora para carregar 80% da bateria da maioria dos carros elétricos. Esses modelos rodam de 150 a 300 quilômetros a cada carga.

Carros elétricos

De acordo com a FGV Energia, com dados da International Energy Agency (IEA), o estoque mundial de carros elétricos até 2030 deve atingir 140 milhões – 10% da frota total de veículos leves de passageiros. A frota atual é de 3,3 milhões de veículos elétricos no mundo.

Países como Noruega, Índia e Alemanha já têm metas de banir carros movidos a combustíveis fósseis nos próximos anos. A expectativa é que sejam comercializados entre 1,7 milhão e 2 milhões de veículos elétricos e híbridos no mundo em 2017. No Brasil, a frota de veículos elétricos puros e híbridos em 2016 era de 2,5 mil unidades.

Internacionais

Para o secretário de Estado de Meio Ambiente de Portugal, José Mendes, que participou do evento, a iniciativa do Governo do Paraná vai ao encontro dos protocolos internacionais para redução de emissão de poluentes. “A intenção é descarbonizar a cadeia toda e a Copel está fazendo isso, ao gerar energia de uma fonte limpa e proporcionar essa energia renovável para a mobilidade”, disse.

Durante o evento, a Copel e a Prefeitura de Curitiba assinaram um protocolo de cooperação técnica e científica pelos próximos dois anos na área de energias renováveis. O prefeito de Curitiba, Rafael Greca, considera que o futuro está no desenvolvimento de soluções que utilizem energias renováveis.

“A cada grau que a Terra esquenta a chuva aumenta em 10% em volume. Vamos utilizar a inteligência da Copel a favor da cidade”, disse ele, que citou entre os projetos, a instalação de plantas de energia solar na sede da prefeitura, na rodoferroviária e nas ruas da cidadania, além de conjuntos de habitação popular.

“Também temos a ideia de fazer uma pequena usina hidrelétrica no Barigui e uma usina de compostagem e aproveitar o gás do lixão da Caximba para geração de energia”, antecipou.

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