O jornal inglês The Guardian, em reportagem de Laurence Blair, afirma que a metade da energia de Itaipu que cabe ao Paraguai poderia ser usada para alimentar centros de produção de criptomoedas, que utilizam muita eletricidade.
A reportagem foi traduzida e mereceu destaque no jornal ABC Color. Vale lembrar que em 2023 o Paraguai terá metade da energia de Itaipu e, provavelmente, sem a obrigação de vendê-la ao Brasil. Portanto, a ideia é viável, teoricamente.
Hoje, segundo Blair, já existem em Ciudad del Este 20 mil computadores usados para produzir criptomoedas, principalmente a Bitcoin. E a energia utilizada provém justamente de Itaipu, que tem custo mais baixo e possibilita uso mais intensivo.
O jornalista diz que Ciudad del Este poderia se tornar “um centro tecnológico de produção de energia limpa e atrair maior inversão estrangeira na região”.
A programação para produzir criptomoedas se torna cada vez mais complicadas e exige computadores e sistemas de refrigeração cada vez mais potentes, que consomem muita energia. É aí que entra Itaipu.
“O Paraguai é hoje o único lugar onde há energia em abundância. Podemos converter-nos em centro mundial da mineração global de bitcoin”, disse ao The Guardian Gregorio Bareiro, comerciante do setor de refrigeração de Ciudad del Este que trabalha com programadores de criptomoedas desde setembro passado, fornecendo os equipamentos necessários para garantir a temperatura ideal.
Bareiro também aluga cerca de 750 computadores a europeus, brasileiros e estaduninenses, e pôde contratar seis empregados para este negócio.
Segundo Bareiro, “em 10 anos (a produção de criptomoedas) geraria dinheiro suficiente para pagar a dívida externa do Paraguai”.
The Guardian também citou Cristine Folch, da Universidad de Duke, nos Estados Unidos. Segundo ela, o Paraguai poderia prover de energia limpa os centros de servidores de gigantes de software como Google, Apple y Facebook, e se converter ainda em centro regional para a fabricação de baterias de lítio.
Se o Paraguai se aproveitar de Itaipu agora, enquanto sua população ainda é pequena, poderá ficar na vanguarda tecnológica, disse Folch ao The Guardian.