Esquema de propina voltou com tudo no trânsito de Ciudad del Este

Alguns dos “guias”: provocado o engarrafamento, entram em ação pra pedir propinas. Foto: Vanguardia

Parecia que tinha acabado, mas leitores do Não Viu? informaram – e o blog publicou – que o esquema de propinas voltou a funcionar no trânsito do centro comercial de Ciudad del Este,  o que foi facilitado pelo aumento da presença de brasileiros em férias.

Agora, vem mais uma confirmação. O jornal Vanguardia publica na edição on line desta segunda (23) que “o esquema de propina criando engarrafamento de veículos na zona central de Ciudad del Este voltou a operar, com a cumplicidade das autoridades municipais”.

Estão de novo em ação os tais “guias de turistas”, com distintivos da municipalidade, que abordam os motoristas pedindo propina pra saírem da fila de engarrafamento.

É mais ou menos assim: pagando a propina, o motorista é conduzido a vias alternativas, por onde o acesso à Ponte da Amizade não é permitido (só com a propina). Ou, então, o motorista submete-se à fila e pode demorar até três horas para percorrer os 700 metros que separam a “rotonda” Oasis da cabeceira da Ponte.

O Vanguardia lembra que durante anos funcionou esse sistema de cobrança de propina, sem que a municipalidade tomasse qualquer atitude.

Foto de arquivo (do Vanguardia).

Os agentes de trânsito, que deveriam disciplinar a passagem de veículos, para evitar as longas e demoradas filas, agem fazendo exatamente o contrário. Com seus apitos, vão segurando os carros até que o trânsito fique simplesmente paralisado.

Na rotonda Oasis, em conivência com os agentes de trânsito, entram em ação os jovens com distintivos de “Información Turística” e “Guías de Estacionamento”, com crachás fornecidos pela Prefeitura de Ciudad del Este.

Depois de muitas denúncias, principalmente do Vanguardia (que o Não Viu? republicou) e até em matéria da rede de televisão RPC, parecia que o esquema estava desmantelado. Mas jornalistas do Vanguardia foram à rua e descobriram que o sistema voltou, com o mesmo “modus operandi”.

Para fugir da fila, eles cobram dos motoristas 100 mil pesos (R$ 66 reais, aproximadamente). Depois, levam o dinheiro aos agentes de trânsito, que liberam o carro para as vias paralelas.

Em carta ao Não Viu? (publicada na matéria “Guardas provocam caos no trânsito de Ciudad del Este pra facilitar cobrança de propina”, de 14 de dezembro de 2017), o leitor paraguaio Salomon Rodriguez confirma que pagou 100 mil guaranis para um guia, na rotonda Oasis, no último dia 11 de maio.

Antes, ele havia procurado um guarda de trânsito para explicar que tinha um voo marcado em Foz. Mostrou-lhe a passagem e o passaporte, mas não adiantou. O guarda mandou que voltasse à fila. Abordado então pelo guia, pagou a propina e foi levado pelas vias alternativas, em poucos minutos, até a entrada da Aduana.

“É uma organização criminosa”, conclui Salomon.

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