Ciudad del Este é um centro de lavagem de dinheiro. E é uma máquina que funciona tão bem que pode atrair criminosos e terroristas de todas as partes do mundo.
A conclusão preliminar, nada lisonjeira, é de uma investigação sobre prevenção de extremismo na região de fronteira, segundo o jornal Vanguardia, de Ciudad del Este.
A responsável pela pesquisa é Vanessa Neumann, presidente da Asymetrica, organização que integra a rede de investigação da Diretoria Executiva do Comitê contra o Terrorismo do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A especialista participou em Foz do Iguaçu do evento “Mercado Ilegal – Crime Transnacional no Cone Sul”, organizado pelo Enecob – Encontro Nacional de Editores, Colunistas, Repórteres e Blogueiros.
Vanessa Neumann, informa o Vanguardia, lidera uma equipe de investigadores que desenvolveu análises estratégicas sobre grupos criminais, táticas dos contrabandistas e ameaças que ocorrem na tríplice fronteira. Esse trabalho está na fase final.
A conclusão mais importante das pesquisas é que Ciudad del Este é considera um centro de lavagem de dinheiro “muito eficiente e muito grande”, disse Vanessa.
Ela disse ainda que, quando há uma máquina de branqueamento de capitais tão eficiente, atrai todo tipo de criminosos.
“Podem vir o corrupto, o narcotraficante, o Hezbollah e, por que não?, o Estado Islâmico”, afirmou. “Estruturamente, (a cidade) está preparada para tudo isso.”
Vanessa compara o mundo criminoso ao mundo dos negócios. “Assim como alguém contrata o melhor advogado ou o melhor banqueiro, se você é um criminoso rico vai contratar o mesmo sistema de branqueamento.”
O problema maior, destacou, é que quando essa máquina funciona tão bem, torna-se uma força capaz de desestabilizar várias regiões do mundo, porque beneficia grupos armados, sejam criminosos ou terroristas.
Embora esteja “debaixo da lupa internacional pela capacidade das redes de lavagem de dinheiro”, lembra o Vanguardia, até hoje o único caso importante desmantelado pelas autoridades locais foi o chamado caso Forex.
A investigação comprovou a remessa de US$ 600 milhões a países estrangeiros, de maneira ilegal. Foram processadas cerca de 40 pessoas por associação criminosa, como cúmplices em lavagem de dinheiro e por produzirem documentos e declarações falsos.