Por Cris Loose, especial para o Não Viu?
O La Barranca, conhecido também como a balada que virou lenda na fronteira, vai ser reaberto no mês que vem, em Puerto Iguazú. O espaço agora fica atrás do Cassino e do Duty Free, na rua Hipólito Yrigoyen n°490.
Para os que conheceram o La Barranca Uniq, o La Barranca do centro ou ainda o LaBa, como é chamado até hoje pelos “mais velhos”, a reabertura representa uma experiência recheada de histórias. Algumas delas, nunca esquecidas. Outras, nunca lembradas.
A barranca – O La Barranca foi aberto em primeiro de janeiro de 1998, na avenida Costanera. A ideia da família Segóvia, que até hoje toca “a marca” era oferecer algo diferente na fronteira.
Marco Segóvia contou que na época os amigos falavam que ele estava ficando maluco por investir em um espaço localizado na barranca do rio, sem água ou luz. A área, pertencente a Prefeitura Naval, foi cedida por 10 anos para a família Segóvia.
“Quando começamos era só mato e barranco e a nossa estrutura lembrava as primeiras casas construídas na região, com o teto montado com tábuas de louro e “cancharana””, lembrou.
A “sacada” do bar era de frente para o Paraguai e para o Brasil. Primeiro era com areia e depois o chão foi concretado. “Tinha muita madeira e o ambiente era rústico e acolhedor ao mesmo tempo. O balcão do bar era uma peça única de timbaúva que pesava cerca de três toneladas”.
E foi nesse ambiente que a família começou a agitar a fronteira, apostando no som de bandas de rock e de blues e vendendo “cerveja de litro”! Alguém mais aí lembra da promo “três litrão por 10”?
3×1 – Marco disse que nos primeiros três anos foi difícil já que naquela época o valor do peso era igual ao dólar o que tornava a região muito cara para as pessoas de fora.
Mas em 2001, quando a economia Argentina colapsou, os ventos mudaram. “O peso desvalorizou e o câmbio virou a 3×1, o que tornou a nossa região um atrativo bem econômico para os brasileiros. Foi aí que percebemos a necessidade de ampliar o espaço”, falou.
De quinta a sábado, em vésperas de feriado, a balada brasileira era no LaBa, do outro lado da Ponte Tancredo Neves.
“Nunca imaginamos isso. A maioria das pessoas era de Foz, mas recebíamos gente de todo o Paraná e, também, de outros estados (turistas). Era incrível ouvir alguém de Curitiba falando que queria conhecer o “Laba”. Tudo isso no boca-a-boca, quando as redes sociais mal estavam começando a existir”.
As bandas que passaram por lá – Entre as bandas que animaram o público do La Barranca estão Cachorro Grande, Planta e Raiz, Velhas Virgens, Marcelo Nova (Camisa de Vênus) e Dazaranha. Para Marco, a figura mais ilustre que passou pelo La Barranca foi o Chorão, do Charlie Brown Jr.
A primeira mudança – Em novembro de 2008 a concessão da área venceu e a família Segóvia precisou escolher um novo local para o La Barranca.
O bar foi reaberto em 2010, no centro de Puerto Iguazú. “Tínhamos mais estrutura e oferecíamos mais conforto. Mas apesar do pessoal se sentir em casa, acho que o LaBa perdeu a magia”, contou Marco.
Ele também falou que a concorrência com as casas de show do Brasil ficou mais acirrada, com shows mais baratos do lado de cá da fronteira. Além disso, segundo ele, motoristas de carros com placas do Brasil passaram a ser multados indiscriminadamente em Puerto Iguazú. “Por causa dessas situações que não dependiam apenas da gente, decidimos parar por um tempo”, disse.
Segunda mudança – Mas a família Segóvia não fica parada. Com o La Barranca fechado, eles passaram a construir o próprio prédio em outro local. E em 2015, o La Barranca Uniq abriu as portas para a clientela.
A área toda tem 55 metros de frente e 45 metros de comprimento e o espaço para o empreendimento foi planejado para garantir conforto aos visitantes.
Mais tarde, em função da pandemia, o La Barranca foi fechado novamente e agora volta com força total. “Puerto Iguazú está bombando! Muitos turistas da Argentina mesmo, os gringos e os brasileiros – na maioria – estão aproveitando o câmbio favorável e nós estamos prontos para recebê-los”, garantiu Marco.
O novo La Barranca tem o espaço interno e o “Garden”, com mesas, DJ, balcão e camarotes e o som passa pelos clássicos, em versões originais e remixadas. No espaço interno, também tem DJ, balcão, área vip, camarotes e uma pista de dança, mas nessa área o pessoal é embalado por sucessos da atualidade, dos mais variados estilos!
Novo público – Que o antigo LaBa deixou saudades em uma turma, ninguém tem dúvidas, nem a família Segóvia.
“O carinho do público é o melhor incentivo para que o La Barranca continue com as portas abertas. O pessoal de Foz sempre pergunta do LaBa e fizemos muitos amigos por causa do bar. É claro que sinto saudades da magia da barranca do rio, mas buscamos nos renovar o tempo inteiro, na mesma velocidade em que o nosso público muda. Esse é o nosso desafio: acompanhar e poder surfar a mesma onda que a galera. E… a gente está gabaritado para dropar onda boa”, garantiu Marco.
A família – Marco contou também que nessa constante atualização, a família continua trabalhando unida, mas com algumas mudanças no posicionamento dos “jogadores”.
Os pais, Pili e Mimi, estão em plena atividade, só que não trabalham mais na madrugada. O irmão de Marco, Augusto, “vai de atacante” e Nelson e Santi, como reservas, deixando o lugar para os filhos deles.
“E eu vou no meio do campo para ajudar esse time a jogar bonito!”, finalizou Marcos.
Em tempo: Marco contou que o antigo balcão de timbaúva foi transformado em outros móveis partilhados pela família.
Para conhecer um pouco mais sobre o La Barranca, acesse https://www.instagram.com/labarrancauniq/