Nem tudo são flores no Paraguai, como muitos empresários brasileiros imaginam.
O problema é que quem produz no Paraguai para exportar depende justamente de mercados como o brasileiro e o argentino. Que vão mal.
É o que aconteceu com a fábrica Hap.py Jeans, que funciona sob o regime de maquila em Ciudad del Este, e tinha a pretensão de contratar dois mil empregados em 2019 e se tornar a melhor fabricante de jeans da América do Sul.
Criada numa aliança entre duas famílias espanholas e uma libanesa, a empresa investiu US$ 4,5 milhões na construção e maquinários e, no começo deste ano, começou a exportar para o Brasil.
Agora, a má notícia: fiscais do Ministério do Trabalho interviram nesta quarta (17) na Hap.py Jeans, depois de denúncias feitas por trabalhadores, que acusam a empresa de demissões sem o pagamento dos salários atrasados e, também, por não ter repassado o desconto previdenciário ao órgão responsável.
Só estes 45 empregados têm a haver cerca de US$ 100 mil, segundo o advogado dos trabalhadores.
Sujeita a pesadas multas, a Hap.py Jeans não se manifestou, mas a raiz dos seus problemas estaria na crise brasileira e argentina.
O mercado desses dois países, principalmente o brasileiro, não correspondeu à expectativa dos fabricantes.
Supostamente, houve cancelamento de encomendas, depois da desvalorização do real frente ao dólar, e até falta de pagamentos por parte dos clientes, que não conseguiram honrar seus compromissos.
Segundo o Ministério do Trabalho, a Hap.py Jeans comunicou oficialmente que não conta com recursos para cobrir os salários de agosto. E estamos em outubro.